Dia do(a) Pastor(a) 2014

O pastor, as ovelhas na beleza de Almendra, Lourdes Marques
Texto cedido pelo Revmo. Bispo Josué Adam Lazier, Bispo Honorário da Igreja Metodista, por ocasião do dia do/a pastor/a da Igreja Metodista celebrado em 13/04/2014.

Perguntaram-me o que eu diria este ano no dia dedicado aos pastores e pastoras da Igreja Metodista. Dedilho nas teclas do computador alguns pensamentos que se soltam:

Espiritualidade.

Não me refiro aos retiros de oração sem sentido e que se caracterizam numa busca incessante de sinais. Eu me refiro à espiritualidade encarnada, situada histórica e culturalmente, ajustada à vida, humanizada, vivenciada e acompanhada de atitudes de tolerância, hospitalidade, companheirismo, valorização da vida e dignidade. Refiro-me à espiritualidade que é desenvolvida no ambiente social e não fora da realidade, como se a pessoa estivesse num balão longe dos lugares “profanos”. Eu falo de uma espiritualidade que é viva e honesta, sem estereótipos, sem manipulações, coerente com os valores do Evangelho.

Efetividade.
Falo de um ministério pastoral efetivo e não seletivo. De um ministério que não é faz de conta, que não é modelado pelo estereótipo dos líderes “poderosos”, mas sim referenciado nos passos de Jesus Cristo, o Senhor. Num ministério que se insere no cotidiano da vida; que ouve o clamor dos enfraquecidos pelas lutas da vida; que se coloca na caminhada dos caminhantes de “Emaús”, mesmo que cambaleantes e inseguros. Falo de um ministério pastoral que tem relevância para a vida, humana, no hoje, no agora, e não na que vem depois da morte.

Afetividade.
O ministério pastoral é relacional, 100% relacional. Exercer o ministério pastoral é sentir o cheiro das pessoas; é perceber o cheiro da realidade, que nem sempre é agradável. É ouvir a história de vida dos outros, é perceber a ausência das “ovelhas” e ir ao encontro delas, como fez o pastor na parábola da ovelha perdida. Pastorear é se relacionar com as pessoas, como elas são e não como o agente pastoral quer que sejam. Assim, o trabalho pastoral se constitui numa constante ação de afetividade. Sem ela o pastoreio se torna frio, distante e burocratizado. A afetividade aproxima as pessoas, aproxima o pastor e a pastora das pessoas e das famílias e produz uma convivência saudável.

Caridade.

Já nem falo de amor. Optei por falar da caridade, pois se não é possível amar como Cristo amou, que haja pelo menos caridade para com os mais fracos, caridade para com os diferentes, caridade para com o que pensam de forma diferenciada e que ela seja para integrar e incluir os que ficam à margem do receituário que está presente nas comunidades cristãs de hoje. Caridade pode ser complacência, benevolência ou compaixão e caridoso/a seria aquele/a que procura identificar-se com o amor de Deus. Assim, a caridade é um bom começo para quem quer exercer o ministério pastoral como serviço e vocação e superar a proposta de um pastorado sob a ótica do medo e da pressão psicológica.

Não sei como concluir estes breves pensamentos que se soltaram, a não ser renovando meu propósito de servir a Deus na perspectiva do Reino de DEUS e não sob o reinado de alguns.

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