Cura de naamã, Ultimate Bible |
A doença com seu cortejo de sofrimentos coloca um problema
para os homens de todos os tempos. A resposta que eles dão depende da ideia que
fazem do mundo em que vivem e das forças que o dominam. No antigo Oriente, a
doença era considerada como um flagelo causado por espíritos maléficos ou
enviada por um deus cuja falta cultual teria irritado. Para obterem a cura,
praticavam-se exorcismos destinados a afugentar os demônios, e se implorava o
perdão dos deuses por suplicações e sacrifícios; a literatura babilônica conserva
formulários dos dois tipos. Por isso a medicina dependia, antes de tudo, dos
sacerdotes, e ficava próxima da magia.
Temos que esperar o espírito observador dos gregos para a
vermos desenvolver-se autonomamente como ciência positiva. Partindo desse
estado de coisas, a revelação bíblica deixa de lado o aspecto cientifico do
problema. Ela se atém exclusivamente ao sentido religioso que a doença e a cura
têm no desígnio de salvação. Se através da doença o poder da morte se manifesta
sobre o homem, ela deve, portanto, ter um sentido semelhante.
No Primeiro Testamento
I. A doença
A saúde supõe uma plenitude de força vital; a doença é
concebida como um estado de fraqueza e debilidade. Para além desta constatação
empírica, as observações médicas são muito sumárias, limitam-se ao que se vê:
afecções da pele, ferimentos e fraturas, febre e agitação. A classificação das
diversas infecções fica vaga, como por exemplo, para a lepra. As causas naturais
nem mesmo são procuradas, com exceção das que são óbvias; os ferimentos, uma
queda, a velhice, cuja decadência o Eclesiastes descreve com sombrio humor. Desse
modo, para o homem religioso, o essencial está noutra parte: o que significa a
enfermidade para quem por ela foi atingido?
Num mundo onde tudo depende da causalidade divina, a doença
não faz exceção; é impossível não ver nela um golpe de Deus que fere o homem. A
dependência de Deus pode ser reconhecida, e nela a intervenção de seres
superiores ao homem: o Anjo Exterminador, flagelos, Satanás. No judaísmo
pós-exílico, a atenção se voltará mais ainda para a ação dos demônios,
espíritos maléficos, cuja influência sobre o mundo em que vivemos, a doença nos
permite entrever. Mas por que essa influência demoníaca, por que essa presença
do mal aqui no mundo, se Deus é o Senhor absoluto?
Por um movimento espontâneo, o senso religioso do homem
estabelece uma ligação entre a doença e o pecado. A revelação bíblica não o
contradiz; ela só precisa as condições dentro das quais essa ligação se deve
entender. Deus criou o homem para a felicidade. A doença, como todos os demais
males humanos, lhe é contrária. Entrou no mundo apenas como consequência do.
Ela é um dos sinais da ira de Deus contra um mundo pecador. Reveste- se desse
sentido especialmente no contexto da doutrina da Aliança, pois é uma das
principais maldições que atingirão o povo de Deus se for infiel. A experiência
da enfermidade deve ter como resultado no homem o aguçamento da consciência do
pecado. É efetivamente por isso que os Salmos de súplica, de petição e de cura
estão sempre acompanhada de uma confissão das culpas.
2 comentários:
Caro amigo Sergio
Sendo médico, leitor assíduo deste blog e estudioso leigo da Bíblia, gostaria de fazer algumas observações sobre o tema.1) A Medicina NÃO É uma Ciência, É UMA PRÁTICA calcada em Ciências Médicas.2) A doença entrou no mundo juntamente com os seres vivos.Alguém sabe a VERDADEIRA origem humana? Não. Enquanto não soubermos, não saberemos a origem dos males. (Não falo apenas de doenças). Há tempos resolvi assumir o significado literal de minha especialidade: Médico da alma ( Atra = médico. Psique = alma). Trato, portanto, dos "fantasmas" que afligem meus pacientes. E um dos maiores é o sentimento de culpa exagerada, muito em consequência desses valores judaico - cristãos que nos ensinam: Deus castiga; o salário do pecado é a morte; o temor do Senhor é o princípio da sabedoria; etc.
Há uma máxima na Medicina: Não existem doenças, existem DOENTES. Portanto cada um dá um significado à sua enfermidade. São Francisco de Assis, por exemplo, morreu aos 42 anos, muito doente, porém em paz com Deus e consigo mesmo.
Enfim, é outro tema que não tem fim.
Abração.
Esses comentário que tem por título O que é..., são tirados de dicionários bíblicos aceitos e recomendados pelos seminários de antigamente.
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