Jesus caminha sobre as águas, Doré |
Esse é um texto em que para muitos o milagre da rouba a cena e coloca os demais elementos da narrativa em segundo plano, e o faz justamente quando o milagre nem mesmo é o tema
central da mensagem. Tanto os céticos quanto muitos dos que creem em Jesus imaginam
que a finalidade precípua do seu ministério era quebrar as leis fundamentais da
natureza para poder se afirmar como o Messias que redimiria Israel. Imaginam também que, uma vez que vários outros atributos que o imaginário do povo fazia deste
enviado de Deus, Jesus não demonstrava possuir, o milagre se prestaria, então, como
substituto aceitável.
Mas sabemos pela leitura acurada dos evangelhos que Jesus não veio para fazer milagres e sim para implantar
definitivamente o Reino de Deus. Os milagres que aconteceram, embora muitos, não
foram em número satisfatório nem mesmo para os mais próximos, como foi
declarado pelos caminhantes de Emaús ao próprio Jesus: Eu pensava que ele quem iria redimir Israel. Eles custaram a
entender que os milagres aconteceram apenas como consequência e jamais como um fim em si mesmos.
Tanto foi assim, que alguns desses milagres realizados por Jesus sequer haviam
sido planejados, como no caso da cura da mulher com fluxo de sangue ou mesmo o da
mulher sírio-fenícia.
Instigado que foi pelo ceticismo que parte do povo demonstrava
em relação a ele, Jesus deixou claro que até mesmo os milagres têm por
obrigação seguir um plano anterior estabelecido por Deus, e que todos têm uma
função definida no grande plano de salvação de Deus: Na verdade vos digo que muitas viúvas havia
em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses,
reinando grande fome em toda a terra; e a nenhuma delas foi Elias enviado,
senão a uma viúva de Sarepta de Sidom. Havia também muitos leprosos em Israel
nos dias do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o sírio.(Lucas 4.25-27)
Se retirarmos o foco do milagre em si e ampliarmos um pouco
a nossa visão fazendo incidi-la sobre todo o contexto, aí poderemos ver que a
intenção maior de Jesus era quebrar os corações endurecidos antes de quebrar as
leis fundamentais da gravidade e da resiliência dos fluidos.
Antes de olharmos diretamente para o milagre temos obrigatoriamente
que perceber algumas outras coisas que o transcendem:
Jesus vê a dificuldade dos seus discípulos;
Jesus vai ao encontro deles em meio á dificuldade;
Jesus quer se antecipar à necessidade momentânea deles;
Entra no mesmo barco de dificuldade que eles estão, e o faz em todos os sentidos,
inclusive o literal;
Põe termo ao medo que havia se instaurado entre eles;
Põe termo ao medo que havia se instaurado entre eles;
Dirimiu os resquícios das dúvidas que haviam ainda do milagre
anterior, o da multiplicação dos pães e peixes.
3 comentários:
Caro amigo Sergio
Jesus não veio para fazer milagres e sim implantar definitivamente o Reino de Deus.
Perguntas: 1) Por quê então ele fez milagres ? Não seria mais adequado afirmar que: Jesus veio implantar definitivamente o Reino de Deus e para isto teve que fazer milagres.
2) Como o Reino de Deus está dentro de nós não deveríamos deduzir que Jesus veio nos indicar os meios de vivenciá lo ?
Por favor me responda.
Abração.
Sergio amigo
ESTOU AGUARDANDO SUA RESPOSTA.
Abraços
Os milagres, como chamamos, não passam de ações naturais para Deus, porque para ele o natural e o sobrenatural são a mesma coisa. Ele fez milagres pontuais e em muito menor número do que os anunciados pelas igrejas de hoje. A implantação do Reino transcende o milagre. Existiu e ainda existem situações em que o Reino foi implantado por iluminação, em pessoas que se converteram sem ter visto ou recebido qualquer sinal estranho. Paulo dizia que os sinais extraordinários são destinados às pessoas que não creem, por que o sinal para o que crê é a profecia que consola, que edifica e que exorta.
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