Eis o Cordeiro de Deus |
Também não podemos nos esquecer que de uma forma bastante objetiva João Batista, mesmo no cárcere, demonstrou um alto grau de preocupação com aquele que estava começando a se fazer notar pelas suas mensagens e seus milagres. João mandou que um dos seus discípulos mais chegados fosse procurar saber qual era a de Jesus: Mt 11.2 - Quando João ouviu, no cárcere, falar das obras de Cristo, mandou por seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? Jesus praticamente devolve a pergunta ao seu inquisidor perguntando-lhe o que para ele parecia estar acontecendo. O que, na verdade, ele estava vendo e ouvindo. Qual era a sua percepção dos resultados mais imediatos do ministério de Jesus: Mt.11.5 - os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho.
Logicamente que a preocupação do Batista não estava nos resultados, eles eram mais que visíveis. Estava sim na forma radicalmente diferente com que Jesus estava conduzindo o seu ministério. E foi por meio desse detalhe que Jesus revelou a inconsistência do povo para o qual estavam sendo dirigidas tanto a sua, como a mensagem de João Batista. Em virtude da grave desconfiança levantada por João, Jesus deveria ter voltado os seus esforços e a sua atenção para dirimi-la, mas não o fez. Concentrou-se exclusivamente no propósito final, que era o Reino de Deus. Jesus descobriu também que a índole da natureza humana viaja ininterruptamente entre os extremos e que sempre se mostra vacilante quando se depara com a firmeza de posições diferentes.
João quis saber qual era a de Jesus, Jesus ficou sabendo qual era a do povo que João supunha que estava incondicionalmente com ele. A austera conduta que João impunha aos seus discípulos estava se mostrando muito incomodada com a liberdade de atitude e de expressão que Jesus dava aos seus. Mas não era bem esse o problema e sim a indecisão do povo que não estava inclinado a aceitar nem uma e nem outra posição: Pois veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio! Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!
Jesus se aproveita da crítica destrutiva para lançar as bases de um sentimento pelo qual passava qualquer um que estivesse sendo julgado e condenado. Jesus fala que a insensibilidade e a indiferença estavam por trás de toda a questão. Nós vos tocamos flauta, e não dançastes. Algumas traduções dizem assim: Jogamos um brinquedo, e não brincastes. Jesus está querendo mostrar para eles a alegria ingênua que o Reino de Deus veio trazer. Ela se assemelha a de uma criança brincando num parque. Por outro lado, e aqui vale a lição deixada por João Batista, ele aproveita para falar novamente da insensibilidade e da indiferença em outro nível. Da insensibilidade e da indiferença para com os sentimentos e necessidades das outras pessoas: entoamos lamentações, e não pranteastes.
Ele veio dizer que o Reino de Deus é, na verdade, uma comunhão perfeita dos dois ministérios. Tem a hora de comer, beber e se divertir, mas também tem a hora de deixar tudo de lado e atender o próximo. Mas parece que isso não ficou bem claro na mente dos apóstolos, pois as questões sobre o poder e a escolha dos melhores lugares ainda era flagrante entre eles. Para o bem de todos foi necessário que Deus levantasse mais um apóstolo, para que esse que não conviveu com a disputa de poder, pois colocou-se a si como o último dos apóstolos, dizer entre outras coisas o seguinte: Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. Quantos Paulos mais serão preciso para que venhamos entender esse simples recado?
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