Valemos o que foi pago? I

Jonestown na Guiana, 914 mortos
Existem algumas perguntas essenciais que nenhum ser humano pode deixar de responder. Elas são universais, são perguntas pré gravadas na mente humana e o homem foi feito para respondê-las. Elas são as seguintes:
1ª - A realidade é má, guiando-nos à morte ou a realidade é boa, guiando-nos à esperança?
2ª - A vida tem significado e propósito ou não passa de um conto narrado por um idiota?
3ª - Qual é a natureza da realidade?
4ª - E mais importante: No fim tudo dará certo para mim, e a vida triunfará sobre a morte, ou não?

Nossa agitação frenética e nossas preocupações constantes são sinais de que não cremos que tudo irá terminar bem. Tudo concorre para que estejamos sempre nos esforçando ao máximo para tentar construir algo antes que a morte nos derrote. Gastamos nossas energias de forma compulsória na tentativa de querer ser Deus. Nós estamos querendo ser Deus tanto na relação com os outros como nos acontecimentos à nossa volta. Procuramos ser mais importante que todos, porque pensamos que quem não tenta isso é insensato. Procuramos controlar os outros para parecer que somos os mais importantes. Preocupamo-nos com tudo e tentamos dirigir todos como em teatro de marionetes. Isso não está nada distante do pensamento de que somos Deus, uma vez que sabemos todas as repostas, como as coisas devem acontecer e como as pessoas devem agir. Um pensador cristão disse: Existe um pecado só e esse pecado pertence a todos: é a teimosia de colocarmos a nós mesmos no centro em vez de Deus.

No contexto cristão, o nosso esforço vai no sentido de fazer com que as pessoas creiam no evangelho da mesma forma que nós cremos. Gostaríamos de colocar todo mundo no nosso barco, e curiosamente isso é o mais fácil. Não é muito complicado fazer com que todos à nossa volta tenham a mesma interpretação da Bíblia. Basta que nos lembremos do que Jim Jones fez em Jonestown em 1978. Basta ver também o enorme sucesso que doutrinas esdrúxulas vingam em nossas igrejas. O difícil é viver em comunhão uns com os outros, permitindo que cada um viva a sua própria experiência e interpretação no amor de Deus. Só o amor de Deus pode fazer isso.

Existe também um anti-intelectualismo crescente no meio evangélico. Por todo lugar vemos uma diminuição do diálogo racional e um aumento da demagogia emocional. Tanto pregadores quanto denominações cada vez mais alegam ter a verdade absoluta, não permitindo discordâncias e nem debates. E a triste realidade é que todos gostaríamos de pertencer a uma igreja assim, a Igreja da Verdade Incontestável. Como gostaríamos de frequentar uma igreja com regras fixas, só assim poderíamos sabermos com exatidão quantas vezes devemos perdoar, com quanto dinheiro devemos contribuir e em que tipo de ministério devemos trabalhar. Isso já seria o bastante para satisfazer plenamente as inquietações e desconfortos citados acima. Por outro lado, pensamos que toda a igreja que não pensa assim é uma igreja fraca, morta e sem ação do Espírito de Deus.

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