O que é CONVERSÃO?

A conversão de Paulo, Michelangelo em 1545
Para dar uma resposta sintética segundo a Bíblia, diríamos que conversão é procurar o bem em vez do mal. O profeta Amós dizia: Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e, assim, o SENHOR, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeisO pensamento hebraico, porém, conhece além desta noção de conversão, a ideia de transformação moral, na qual o homem renuncia a sua conduta individualista anterior, para aderir a um plano nacional de salvação. Como Israel era uma nação teocrática, a intensidade desta mudança dependia de um lado do ideal religioso que é proposto, e do outro do grau de afastamento desse ideal.

Na pregação dos profetas a conversão é um acontecimento universal, que abrange tanto a moral quanto a religiosidade, pois significa abandonar a relação com os ídolos, que fazia com que os homens se descuidassem das coisas de Deus. Tanto Oséias quanto Amós pregavam que a conversão deveria ser urgente, posto que o juízo de Deus aproximava-se inexoravelmente na forma de uma catástrofe nacional. Oséias e Jeremias enxergavam a infidelidade da Israel para com seu Deus, como a de uma esposa adúltera, para com a qual Deus ainda insistia em preservá-la pelo seu amor, o que não faria por muito tempo. Ainda assim, estes profetas frisavam que a conversão de Israel não poderia ser uma obra humana, mas que dependia da interferência de Deus.

O julgamento e o castigo que se aproximavam, porém, não eram as palavras finais de Deus. Depois deles viria conversão e salvação: Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o SENHOR; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração. (Jr 24.7)

Após o exílio nota-se a mudança para uma piedade mais individualista e legalista. A conversão passa a ser de responsabilidade pessoal, não importando tanto as atitudes alheias. Já se encontra também as primeiras noções de livre arbítrio e um conceito mais pessoal do pecado, diante dos quais o homem é soberano para optar e responsável direto pelas consequências.

Tanto João Batista quanto Jesus começaram as suas pregações com exortações à conversão motivadas pela proximidade do Reino de Deus. Os exegetas dizem que o verbo empregado por eles não tem o sentido de arrepender-se ou de fazer penitência, mas de uma reviravolta interna em todos os aspectos da ação humana. Era o fim da religiosidade externa em que importava apenas a obediência a um código de regras, e o início da consciência de que Deus exige um ideal de vida e compromisso muito mais elevado do que um cumprimento de leis pode alcançar.

A pregação apostólica, valendo-se da morte e ressurreição de Cristo, como também da missão do Espírito Santo em nosso meio, estendeu os limites da ação de Deus a todas as criaturas, e não mais se restringindo aos perdidos de Israel. A conversão deixa de ser uma mudança de atitude para ser um ato de fé, em que não somente sobre as coisas que intelecto compreende, mas aceita o sobrenatural como manifestação possível e esperada de Deus. A fé é demonstrada pela aceitação do evangelho, onde o homem passa do mundo das trevas para o Reino da verdadeira luz.

Os favores da conversão não são alcançados plenamente neste mundo. Existe uma realidade maior e mais plena do que o estado de coisas pela qual vale a pena todos os riscos e perdas. Não que necessariamente ocorram estas perdas ou que elas alcancem o limiar do suportável, mas a conversão exige que o homem esteja pronto para enfrentá-las pelo poder da fé. Paulo dizia que as perdas não tem parâmetros de comparação com aquilo que aguarda o fiel no Reino de Deus. E dizia mais: qualquer sofrimento era pequeno para quem já estava condenado, como uma ovelha, ao matadouro. Mas que em todas as coisas ele era mais do que vencedor, não pelos méritos da sua conversão, mas pelo amor de Deus que o amou quando ele ainda era um não convertido pecador.

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