O que é APÓSTOLO? I

Doze apóstolos, portal da Igreja Sta Maria Olite, Espanha
No Segundo Testamento muitos receberam o título de apóstolo, porém, os mais conhecidos são os onze que andaram com Jesus, Matias, o apóstolo eleito e Paulo, que chamava a si mesmo de apóstolo abortivo: Depois, foi visto por Tiago, depois, por todos os apóstolos e, por derradeiro de todos, me apareceu também a mim, como a um abortivo. (ICo 15.7s), mas que acabou conhecido como o apóstolo dos gentios. O apostolado na igreja primitiva era tido como um dos carismas dados por Deus para orientar a Igreja: E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres. (Ef 4.11). Mas já naquela época foram denunciados também os falsos apóstolos e os superapóstolos: Eu estou agindo como um louco, mas foram vocês que me obrigaram a isso. Porque vocês é que deviam falar bem de mim. Pois, mesmo que eu não valha nada, não sou inferior, de modo nenhum, a esses tais “superapóstolos” de vocês. O emprego tão amplo deste título suscita o problema da relação entre estes diversos tipos de apóstolos. Para resolvê-lo, na falta de uma definição bíblica do apostolado, é preciso situar em seus respectivos lugares os diferentes personagens que receberam este título, começando pelo levantamento das indicações concernentes ao termo e à função fora do contexto cristão.

O substantivo apóstolo não tem no grego o sentido que lhe damos, mas o verbo derivado dele exprime bem o seu conteúdo e se esclarece nas analogias que temos no Primeiro Testamento e nos costumes judaicos. Eles usavam a palavra para designar um dos atributos dos embaixadores, que devem ser tão respeitados como o rei que os enviou. Embora os profetas tivessem sido enviados pelo Rei dos reis, nunca receberam este título. Paulo antes da conversão, ou Saulo, confia as suas cartas às sinagogas de Damasco a um apóstolo oficial, munido de documentos oficiais: Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote  e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco. (At 9.1s) A igreja herdou este costume de enviar cartas através de apóstolos, como Barnabé, Silas e o próprio Paulo, que são os apostoloidas igrejas cristãs. Todos, porém, muito conscientes da sua submissão à igreja, nos termos que determinou Cristo, que o enviado (apóstolo) nunca seria maior do que aquele que o enviou. A julgar pelos costumes da época, o apóstolo não é mais do que um emissário a quem se delegou uma mensagem. A igreja antes de dar a alguém este título, dava a este uma função subalterna, e somente após a uma lenta evolução é que este título foi conferido de maneira privilegiada ao estreito círculo dos doze. Mas observa-se também que outros exerceram a função chamada de apostólica.

Desde o início da vida pública de Jesus, a necessidade de divulgar a sua mensagem fez com que ele escolhesse homens que representassem ele mesmo, tanto na pregação do evangelho, como nas curas e nos exorcismos. Envia-os investidos de autoridade na função de falar em seu nome, como se estes representassem também o próprio Deus:Quem vos recebe, recebe a mim, e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. (Mt 10.40) Estes serão o fundamento do Novo Israel do qual serão juízes no último dia: Jesus lhes respondeu: Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. (Mt 19.28) Não é a toa que o número doze simboliza o apostolado, por isso a necessidade de se eleger outro para o lugar de Judas.

Os doze deverão ser testemunhas de Cristo e atestar com a própria vida a sua ressurreição. Para tanto, atestar que o Cristo ressuscitado é exatamente o mesmo com o qual viveram por três anos, é um atributo que confere o título apenas àqueles que foram chamados pelo próprio Jesus, ou seja aos quais se pode aplicar o sentido mais forte da palavra apóstolo. Distribuir os pães multiplicados pela multidão que está faminta no deserto, todos somos chamados a fazer, mas para ser os pilares sobre os quais a igreja se fundamenta, e ter os seus nomes escritos neles, a Bíblia diz que somente eles: A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. (Ap 21.14) (continua)

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