Ano Jubileu

Perdoar e ser perdoado, von Carolsfeld (1794-1872) 
Leia Levítico 25,8-17, é muito importante.
Em poucos momentos da história da igreja a Bíblia esteve tão em evidência como nos dias de hoje. Este dado se nota não somente pelos recordes de produção e venda de Bíblias pelas sociedades bíblicas e pelas editoras que as imprimem, quanto pelas citações que todas as pessoas fazem do seu conteúdo. Seus versículos não são mais restritos à comunidade cristã, pois muitos deles se tornaram ditados populares na boca do povo. Isso deveria ser motivo de júbilo e ter um sentido de vitória. Mas não é desta assim que as pessoas que levam as Escrituras a sério veem esta situação. Porque mais do que usar os seus textos completamente fora dos seus contextos, para estes os elementos mais relevantes na Bíblia são sempre os secundários, nunca os essenciais. Dizia um pastor dos velhos tempos que o povo está mais interessado em testemunhar os milagres do que venerar o milagreiro. Bem, no tempo em que ele dizia isso, só quem fazia milagre era Deus, e seria difícil para esse pastor entender que hoje os milagres são fruto de uma igreja ou de um determinado pastor, e mais difícil ainda seria para ele constatar que o povo de Deus está crendo neste absurdo.

Conheci no passado um pastor, já falecido, que era catedrático em curiosidades bíblicas. Ele sabia com exatidão quantas vezes estava contida a palavra amor na Bíblia, como também quem era o avô da mentira. E não é que para minha surpresa que recentemente me deparei com outro que seria seu clone, caso o seu foco de curiosidades não fosse o ineditismo dos fatos nela contidos, em relação às descobertas da ciência de hoje? Ele não faz outra coisa senão pregar sobre as antigas prescrições bíblicas que precederam as mais diversas preocupações e descobertas atuais. Porém, foram muito poucos antes dele e menos ainda depois, aqueles que ouvi pregar sobre o ineditismo bíblico no que diz respeito às grandes questões sociais e econômicas. Para muitos pregadores estas ciências são tão atuais que o escritor bíblico simplesmente as desconhecia. Pensam também que estes problemas são por natureza tão complexos que os antigos não dispunham de meios para analisá-los e opinar sobre eles. 

É aí que nos deparamos com a legislação social e econômica do Levítico que promovem uma revolucionária reforma agrária e uma inimaginável redistribuição de renda. Fala-se muito em tomar posse de bênção, mas muito pouco na alegria que existe na doação. Prega-se muito sobre a prosperidade, mas nunca sobre a partilha. Evidencia-se muito o ter em detrimento do ser. Prega-se muito para os pobres instigando-os a não serem mais pobres, mas nunca fazem o que este judeuzinho do livro do Levítico, que viveu lá nos antigamente, e que pregava para os ricos, fez: denunciar que os ricos não podiam continuar enriquecendo às custas da pobreza, e que os bens produzidos pela terra, assim como a própria terra são dádivas de Deus para todos, e não privilegio de alguns.





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