Adoração ou comunhão? I

Adoração dos Magos, da Vinci (1452-1519)
Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo. Jesus disse: Mulher, creia no que eu digo: chegará o tempo em que ninguém vai adorar a Deus nem neste monte nem em Jerusalém. Vocês, samaritanos, não sabem o que adoram, mas nós sabemos o que adoramos porque a salvação vem dos judeus. Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem. Deus é Espírito, e por isso os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade. João 4.20-24


Qual seria a tarefa principal da igreja? Certamente que uns vão dizer que é a comunhão, outros que é a adoração, mas na realidade são os dois. Nós não temos que escolher entre comunhão e adoração, porque a comunhão é um ato de adoração e na adoração a Deus tem que estar sempre presente o sentido do outro, que na Bíblia é chamado de próximo. É impossível para mim adorar a Deus, até com a minha oferta, deixando de lado a dimensão do próximo. Olhem o que Jesus disse sobre o que fazer com a oferta quando se tem uma contenda. E igualmente eu não posso amar o meu próximo se eu não amar a Deus. Então, adoração e comunhão são inseparáveis, e são elas a minha missão, elas são a missão da igreja. Pedro, na sua primeira carta diz que nós somos uma nação de sacerdotes consagrados a Deus, cuja função é oferecer sacrifício que Deus aceite: Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. (I Pe 2.9s).

A adoração suprema é o reconhecimento da distância que existe entre nós e Deus, é admitir o valor absoluto de Deus. Mas posso muito bem eu admitir esse valor singular e não estar nem aí para que o resto do mundo pense a respeito dele. Embora seja um estado invejável de adoração, está longe de ser verdadeira. Porque a verdadeira adoração impele compulsivamente a igreja a testemunhar o que Deus fez por ela. Há algo de muito hipócrita na adoração que não nos impele a compartilhar a nossa fé com os outros. Mas me deixe perguntar uma coisa: Nós queremos de fato essa comunhão? A pergunta é boa pra mim, porque eu nunca gostei do tipo de evangelização feito na pressão. Alguns pastores exerciam, e ainda exercem sobre a igreja quanto à imperiosa obrigatoriedade de se evangelizar dessa forma, como sendo a única. Isso me revolta, eu chamo isso de evangelização na marra. Se evangelização é isso, eu não nasci para evangelizar. Estou fora, podem retirar as minhas credenciais.

Mas a despeito disso a pergunta ainda prevalece: Queremos mesmo compartilhar com as pessoas o que Deus fez por nós? Queremos mesmo que todo joelho se dobre e que toda a língua confesse ser Jesus, o Senhor? Em outras palavras, queremos que as outras pessoas o adorem também? Então o objetivo final da evangelização é a adoração. O que nós fazemos na evangelização não é prestar um favor aos pobres infiéis pecadores, porque esses somos nós. Na evangelização nós estamos pedindo o favor deles para que, em comunhão conosco, nos ajudem a adorar a Deus verdadeiramente. Que eles nos ajudem a oferecer um sacrifício aceitável a Deus. Nós precisamos deles para prestar o culto verdadeiro que, nas palavras de Jesus, tem que ser em espírito e em verdade.




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