Oséias, Aleijadinho (1730-1814) |
Esta inquietação só tende a se agravar, porque que a denúncia que faz o texto lido não está somente na boca de Oséias, mas ela é consenso entre indistintamente todos os profetas da Bíblia. Enquanto os antigos profetas pregavam incansável e incessantemente a aproximação de Deus através do conhecimento, da meditação sincera na sua Palavra, a reflexão sobre o que realmente dizem os seus mandamentos, as igrejas de hoje despendem mais tempo e dedicam maior atenção aos momentos de louvor durante os cultos. Este um argumento irrefutável, nem precisamos prová-lo, basta retrocedermos no tempo para e comparar as liturgias dos cultos de 20 anos atrás, que continham três, quando muito, quatro hinos que eram cantados por toda a congregação uma única vez, e sermões que duravam até duas horas, com as ordens de culto, se assim podemos chamar, de hoje, onde quase que exclusivamente se canta.
É bom que se diga que naquela época não
faltavam celebrações, não faltavam cânticos de louvor, não faltavam conjuntos
musicais em todos os cultos. Tudo isso havia e com abundância na multiplicidade
de cultos. O problema também não era a falta de dizimistas. O Templo estava
sendo muito bem suprido. Respaldam o nosso texto os profetas Isaías e Amós, que
havia sacrifícios e holocaustos em profusão. Não era pela falta de adoração que
povo estava se autodestruindo. Também não era pela escassez dos dízimos e
ofertas. A flagrante degradação do povo não se dava pela baixa frequência nos
cultos ou nas celebrações festivas. Mas por um ínfimo detalhe: A falta de
conhecimento.
É óbvio o bastante que a falta do conhecimento de Deus tem implicações diretas na conduta da igreja e das pessoas. Por conta disso, uma reflexão mais acurada se faz necessária para se descobrir onde essa falta de conhecimento faz realmente falta.
A primeira e mais imediata questão Oséias diz logo de cara: Ouvi, oh casa de Israel, o Senhor tem uma contenda é contra vós. Ou seja, o primeiro problema que a falta de conhecimento das Escrituras traz é nos colocar em reta de colisão com Deus. De imediato vamos bater de frente com ele. Onde falta o conhecimento de Deus, o amor, a verdade e a justiça também não subsistem. Não está se falando aqui de fé em Deus, em acreditar na sua existência, em saber que ele é o Todo Poderoso ou mesmo de confessar que Cristo é o Salvador. Oséias não fala de postulados de fé nem de complexas reflexões teológicas. O texto não se dirige e nem recrimina ateus ou seguidores de outros credos. Fala da falta de conhecimentos das coisas primárias de Deus. Dos seus mandamentos mais básicos. Fala de prescrições primárias, de leis humanitárias que todo servo do Altíssimo tem obrigação de saber, de cumprir e de se empenhar em fazer cumprir.
Isso se dá pela pregação descontextualizada das Escrituras Bíblia. Pela citação de trechos bíblicos completamente fora do seu contexto como fundamentação da fé. Pela valorização das passagens bíblicas que visam tão somente o benefício próprio. Pela exposição de argumentos primários e facílimos de refutar. Temos que ter sempre em conta a mensagem central da Bíblia para não nos valermos de textos dizendo serem bíblicos simplesmente porque estão na Bíblia. A própria Bíblia contem muita coisa que não que contraria a sua mensagem central. Tem a palavra de Faraó, Nabucodonosor, Gamaliel, Pilatos e de outras toupeiras históricas. Bíblico é tudo aquilo que está de acordo com a mensagem da Palavra de Deus encarnada em Jesus Cristo, mesmo que não esteja contido nela.
Aprendi desde muito cedo na Escola Dominical, que Jesus foi extremamente
preciso ao usar a Palavra de Deus apropriada, para confrontar a Palavra de Deus,
quando esta estava sendo usada de forma inadequada à situação. Jesus usou
Palavra de Deus contra Palavra de Deus. Não foram poucas as ocasiões que disse: Viste
o que está escrito? Eu, porém, vos digo.
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