A pequena serva de Naamã, Lucy Diamond |
O primeiro personagem em questão é uma menina que fora levada cativa para servir como escrava na casa do general. E é justamente ela que eu vou deixar para comentar no final.
Pulemos para o segundo personagem que é o rei da Síria, o vencedor da batalha e dominador de Israel. Sua atuação não tem nada de extraordinário. Ele fez o que qualquer rei opressor faria, exigiria o impossível dos povos conquistados. É impressionante como a religião de Israel impunha respeito naquela região. Todas os povos tinham adivinhos, cartomantes e prognosticadores. Todos os povos tinham feiticeiros, curandeiros e magos. Todos os povos tinham agoureiros, amaldiçoadores e imprecadores, menos Israel. Em Israel Deus não permitia que houvesse senão profetas. E mesmo sendo uma religião tão desprovida de mistérios e magias, era temida e respeitada. E é baseado nessa premissa que o rei sírio ordena que Naamã seja curado por meio de um decreto. Ele sabia bem que se havia alguma possibilidade de Naamã ser curado, era mesmo em Israel.
Depois temos o rei de Israel, vassalo da Síria, que também faz exatamente o que podia se esperar dele. Dá um chilique ao receber tal ordem. Temos que admitir que realmente o que rei sírio pede é absurdo, mas admitir também, que é bastante apropriado ao perdedor reclamar de qualquer exigência condicionada a sua derrota. Quando alguém perde alguma coisa sempre acha que aquilo é tudo de ruim que poderia ter acontecido, e que nada mais há para piorar a sua situação. É justamente na hora que sobrevém as consequências da perda, que se rasga a roupa, que se blasfema, enfim, que se coloca para fora toda a indignação pela circunstância. É justamente nessa hora que se joga toda a responsabilidade do infortúnio em cima da fé, da igreja e da religião, como bem soube fazer esse rei.
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