Ainda que nós nunca tenhamos nos detido mais demoradamente sobre esse assunto, ou que tenhamos sequer cogitado qualquer questão, não é hora de ficarmos melindrados, achando que vai cair fogo do céu na cabeça de quem faz perguntas como esta.
A pergunta procede e tem deixado muitos dos amantes da teologia de saia justa. O contraste entre o amor de Deus e a paixão e morte de seu Filho é algo que na realidade só pode causar perplexidade. E é uma perplexidade que tende a aumentar à medida em que lemos as parábolas contadas pelo próprio Jesus, que enaltecem o amor de um Pai a despeito do descaso, da devassidão e do egoísmo do filho. Nestas parábolas Jesus faz questão de deixar claro o quanto o amor desse Pai é grande e o quanto ele é suficiente para superar em muito qualquer atitude avessa a esse amor, que o filho venha a tomar. E Jesus não fez isso somente através de parábolas, mas em todas as vezes que mencionava o caráter de Deus, o fazia com o seguinte princípio básico: Deus é um Deus que ama, pauta a sua justiça e o seu juízo exclusivamente no amor, e é da clareza deste princípio que surge a pergunta: Porque Deus amaria mais a nós, filhos egoístas e insensíveis, fazendo com que o seu Filho bom e fiel fosse castigado em nosso lugar? E nós cristãos, como podemos lidar com esta instigante questão sem apelarmos para argumentos fundamentalistas de que Deus sabe tudo e pode tudo?
Muito embora não seja uma tarefa das mais fáceis, se procurarmos, encontraremos nos próprios evangelhos, principalmente no de João, algumas pistas que podem nos auxiliar no esclarecimento desta mais do que aparente contradição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário