Voltando ao Egito

Homem de Tollund, uma múmia do pântano. Museu de Silkeborg

Você está confiando na ajuda do Egito, mas isso é o mesmo que usar um caniço como bengala, isto é, ele vai quebrar e furar a sua mão. Assim é Faraó, rei do Egito, para aqueles que confiam nele. Isaías 36.6

Esta semana compartilhei no Facebook o rápido comentário de Andre Scutieri sobre a Internet. Dizia ele: A internet é o retorno ao Antigo Egito: delineador estranho, obsessão com gatos, adoração a políticos como deuses e comunicação por desenhos. Querem saber onde esse maluco foi buscar fundamento para esse argumento absurdo? Isso mesmo, com outro doido, com o profeta Isaías na Bíblia. Esse profeta que denunciou o perigo que era para os judeus se tornarem semelhantes ao modo de vida egípcio pelo menos cinquenta vezes em sua profecia, é o mesmo que vai nos alertar sobre os perigos que a igreja está se expondo ao se amoldar ao que diz a internet em um processo muito semelhante ao que o Andre Andre Scutieri descreve em seu comentário.

O Egito é um homem e não um deus. (Isaias 31.3) Seu contemporâneo, o também profeta Jeremias, já dizia: maldito é o homem que confia no homem.  Se juntarmos as duas profecias e as confrontarmos com as postagens, que no Facebook elevam figuras humanas de atitudes muito questionáveis ao nível daqueles que foram legitimamente enviados por Deus, constataremos duas coisas: Primeiramente, o quanto essas profecias são atuais. Depois o quanto elas nos alertam sobre esse perigo iminente.

Para muitos cristãos, e aqui incluo muitos pastores, padres e líderes religiosos, não bastou apenas terem votado em tal candidato ou mesmo terem se empenhado nas suas campanhas. Eles emitiram cheques em branco e os entregaram, juntamente com a suas almas, a esses tais políticos que se julgam ou que são considerados por tais como autênticos messias salvadores da pátria. Vejam as vidas as obras de Nelson Mandela e Martin Luther King Jr. Restringindo apenas à atualidade. São líderes exaltados por todas as pessoas em todos os tempos. Nada que se assemelhe aos que esses pequenos grupos que decidiram por conta própria entronizarem simples mortais, que mesmo com seus passados duvidosos, estão desesperadamente chamando para si a glória, glória essa que sabemos que não durará mais que um curto espaço de tempo.

E, quando ficarem velhos, eu serei o mesmo Deus; cuidarei de vocês quando tiverem cabelos brancos. Eu os criei e os carregarei; eu os ajudarei e salvarei.  (Isaías 46.4) Leio com enorme pesar quando pessoas postam que consideram um animal como um membro da família. Quando dizem que dormem na mesma cama, nem quero comentar. Porém, leio com mais pesar ainda, quando postam a sandice de dizer que perder um pet é como perder um filho. Loucos e loucas, não fazem a menor ideia do que estão falando. Perguntem a uma mãe ou a um pai o que é a espera que se estende por toda madrugada na expectativa de que seu filho entre pela porta, mesmo sabendo que ele está morto. Perguntem sobre o vazio que não pode ser preenchido nem mesmo pela chegada de outro filho. Perguntem o que essa dor na composição Pedaço de mim de Chico Buarque que diz: Que a saudade é o revés de um parto. A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.

Mas também existem pessoas que atualmente ou num passado recente se omitem ou se omitiram na assistência que era devida aos seus pais e avós idosos, mas que agora estão se empenhando firmemente em catar gatos e cachorros abandonados pelas ruas. Não sei quando foi que começou tamanha distorção de valores, mas sei que os profetas de Deus se anteciparam ao André Scutiere e disseram: Onde quer que haja adoração a animais ali haverá sacrifício humano. (Cherteton)

Ai dos que descem ao Egito em busca de socorro e se estribam em cavalos; que confiam em carros, porque são muitos, e em cavaleiros, porque são mui fortes, mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao Senhor! Tornamo-nos também a geração dos símbolos. Existe nas igrejas de hoje um símbolo a quem se deve honrar. Seja ele um simples músico, pastor, bispo, apóstolo e por aí vai. Em momento algum, depois da Reforma, o protestantismo foi tão dependente de símbolos, quer sejam pessoas ou objetos materiais, para expressar a sua fé como hoje.

Kipa, menorá, shofar, estrela de Davi Cruz, Templo de Salomão, arca da aliança e outros adereços que deveriam ter ficado onde Jesus os colocou, sepultados na cruz, voltaram a ser imprescindíveis em nossos cultos. A comunicação do evangelho, que há muito deixou de ser pela palavra, agora se faz por osmose confiado tão somente na unção do pregador. Definem-se as categorias de quem é ungido, de quem é muito ungido e de quem é “ungidasso” para classificar, segundo o “grau de espiritualidade”, quem pode mais ou tem maios poder na igreja de hoje.  

Espiritualidade medida em graus é um dado esclarecedor, porque determina a medida do poder que está oculto nos símbolos, o mesmo poder que as pessoas outrora buscavam nas suas antigas religiões de mistério. A confiança que se restringe ao que pode ser visto e ao que pode ser tocado é a tônica do evangelho atual.

Voltamos de fato ao Egito, o lugar em que até o mundo dos mortos pode ser visto nos seus símbolos maiores: as múmias. Diz os salmo 115: Que fiquem iguais a esses ídolos aqueles que os fazem e os que confiam neles!  Múmias do evangelho, é no que nos tornamos.

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