Amaldiçoa teu Deus e morre. (autor não identificado) |
Tomarei a minha carne
nos meus dentes e porei a vida na minha mão. Eis que me matará, já não tenho
esperança; contudo, defenderei o meu procedimento. Também isto será a minha
salvação, o fato de o ímpio não vir perante ele. Job 13.14-16
O título dessa meditação bem que poderia ser O que o Segundo
Testamento te a ver com o Primeiro Testamento? Ou, se preferirem: O que o Velho Testamento tem a ver com o Novo Testamento? Quem sabe poderíamos melhorá-lo
ainda mais dizendo: O que o conceito de salvação para Paulo tem a ver com o que
o pessoal do Antigo Testamento pensava sobre salvação?
Para o bem da verdade não existia apenas um conceito de
salvação para os antigos. Parece que esse tema foi tomando consistência à
medida que o entendimento acerca de Deus foi evoluindo. Durante muito tempo, e
isso inclui o tempo de Abraão, o que se pensava sobre salvação é que ela seria
levada a cabo na concepção de um filho homem, um primogênito. O judeu teria a
sua vida estendida na figura de filho que herdaria a maior parte dos seus bens
e chefiaria o clã ou família, até então administrada por ele. Mas como ficava a
salvação para aqueles que só tiveram filhas? E para aqueles não tiveram filho
algum? Para os que morreram jovens ou que nunca se casaram? É ai que entra na
salvação o conceito de justiça. O justo não morrerá, mas viverá pela fé. Meio
complicado isso. É sempre bom lembrar que o conceito de justo deles não tem
relação alguma com o nosso conceito de bondade. Justiça, nesse caso, era a
relação que o mais favorecido estabelecia com aqueles que eram menos
favorecidos. O justo vive e o ímpio vai para o esquecimento, o lugar para onde
irão, no entendimento deles, os mortos que não foram que não pautaram a sua
vida na justiça. Dá a impressão de que a salvação não era coisa pra pobre,
muito menos pra escravo, não é mesmo?
Não estaríamos de todo errado ao pensar assim, pois, mais
tarde, quando Israel se viu subjugada por nações estrangeiras, de modo que o
único legado que o pai ao morrer poderia deixar para o filho eram as correntes
da escravidão, a ideia de salvação teria por obrigação mudar drasticamente. A
vida não poderia terminar simplesmente na maldição do cativeiro. O exílio
babilônico não poderia jamais ser o ponto final para o povo de Deus. Os ímpios
nunca, jamais poderiam sair ganhando. É ai que eles vão pensar numa salvação
posterior à morte. Em um conceito primário de ressurreição. A pessoa, mesmo
após à sua morte, teria o seu corpo físico totalmente restaurado e viveria
novamente para ver a sua vingança contra a impiedade a ele infligida. O livro
de Jó expressa com clareza esse conceito: Pois
eu sei que o meu defensor vive; no fim, ele virá me defender aqui na terra. Mesmo
que a minha pele seja toda comida pela doença, ainda neste corpo eu verei a
Deus. Eu o verei com os meus olhos; os meus olhos o verão, e ele não será um
estranho para mim. E desejo tanto que isso aconteça! Job 19.25-27 (continua)
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