O retorno do filho pródigo, Jacopo Bassano |
Texto do reverendo Jonas Rezende.
O Pagador de Promessas é um importante trabalho do escritor
Dias Gomes, sucesso no cinema e na televisão. Anos atrás ganhou o prêmio mais
importante do Festival Internacional de Cinema realizado em Cannes.
Dias Gomes conta a história de Zé do Burro, um pobre homem
que sai pelo sertão carregando pesada cruz para pagar a promessa feita pela
vida de seu animal de estimação.
A noção de sacrifício e penitência, embora de formas
diferentes, está profundamente arraigada no ser humano. Note como o texto
citado acima é a proposta penitencial que o filho pródigo planeja dizer a seu
pai, quando resolve voltar para a casa: “Trate-me como um dos seus empregados.”
Mas esta frase nunca precisou ser dita porque o pai o recebe
incondicionalmente. E até lhe promove uma festa de recepção. Aliás, a parábola
do filho pródigo tem esta mensagem central: Deus não quer sofrimento, mas
deseja a nossa alegria. O amor divino, para o teólogo André Nygrem, não busca
em nós merecimentos, mas nos valoriza com sua aceitação absoluta e
incondicional.
O sentimento de culpa, em diferentes culturas e modelos
religiosos, tem criado comportamentos estranhos que agridem o nosso corpo e
nos esmagam como um todo. A mensagem da Bíblia, neste sentido, poderia ser
expressada nesta frase do próprio Deus: “Eu quero misericórdia e não
sacrifício.”
Pare um pouco para pensar que Jesus, antes de morrer
abandonado por todos, com exceção de algumas mulheres que o seguem até a cruz,
prepara para os discípulos um banquete de amor: a eucaristia que representa sua
entrega visando à libertação de todos os homens. E não se esqueça de que, pouco
antes, ajoelhado, o Cristo lava os pés do próprio Judas Iscariotes...
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