Misericórdia e não sacrifício

O retorno do filho pródigo, Jacopo Bassano
Pai, trata-me como um dos seus empregados. O filho pródigo da parábola contada por Jesus (Lucas 15.19)

Texto do reverendo Jonas Rezende.
        
O Pagador de Promessas é um importante trabalho do escritor Dias Gomes, sucesso no cinema e na televisão. Anos atrás ganhou o prêmio mais importante do Festival Internacional de Cinema realizado em Cannes.

Dias Gomes conta a história de Zé do Burro, um pobre homem que sai pelo sertão carregando pesada cruz para pagar a promessa feita pela vida de seu animal de estimação.

A noção de sacrifício e penitência, embora de formas diferentes, está profundamente arraigada no ser humano. Note como o texto citado acima é a proposta penitencial que o filho pródigo planeja dizer a seu pai, quando resolve voltar para a casa: “Trate-me como um dos seus empregados.” Mas esta frase nunca precisou ser dita porque o pai o recebe incondicionalmente. E até lhe promove uma festa de recepção. Aliás, a parábola do filho pródigo tem esta mensagem central: Deus não quer sofrimento, mas deseja a nossa alegria. O amor divino, para o teólogo André Nygrem, não busca em nós merecimentos, mas nos valoriza com sua aceitação absoluta e incondicional.

O sentimento de culpa, em diferentes culturas e modelos religiosos, tem criado comportamen­tos estranhos que agridem o nosso corpo e nos esmagam como um todo. A mensagem da Bíblia, neste sentido, poderia ser expressada nesta frase do próprio Deus: “Eu quero misericórdia e não sacrifício.”

Pare um pouco para pensar que Jesus, antes de morrer abandonado por todos, com exceção de algumas mulheres que o seguem até a cruz, prepara para os discípulos um banquete de amor: a eucaristia que representa sua entrega visando à libertação de todos os homens. E não se esqueça de que, pouco antes, ajoelhado, o Cristo lava os pés do próprio Judas Iscariotes...  

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