Leis humanas?

Males do coração, autor não identificado
O Senhor diz: “Esse povo ora a mim com a boca e me louva com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A religião que eles praticam não passa de doutrinas e ensinamentos humanos que eles só sabem repetir de cor. Isaías 29.13

Na onda das citações bíblicas que assola as redes sociais atualmente consegue-se perceber uma discrepância injustificável. Curiosamente são os textos mais citados pela própria Bíblia que são os menos frequentes nas postagens dos aficionados internautas. Isso se deve a uma série de razões, mas por hora eu prefiro ficar com as mais evidentes.

A primeira razão e mais óbvia é a nítida preferência pelos textos que insinuam proferir a mensagem que é pretendida pela pessoa que está postando, mesmo que seu contexto pregue justamente o contrário. “Cairão mil ao teu lado e dez mil à tua direita” é um bom exemplo do que estou querendo dizer. O texto é tão bom e serve para tantos propósitos que até os roqueiros, aproveitando-se dessa belíssima deixa, provocam os pagodeiros e funkeiros dizendo: Mil ouvirão pagode ao seu lado, e dez mil ouvirão funck à sua direita, mas tu não serás atingido. Esta associação pode parecer engraçada ou irreverente, mas não é menos desrespeitosa do que usar o texto como um amuleto de proteção pessoal, ainda que o mundo à sua volta esteja se precipitando em um tenebroso abismo.

Uma breve leitura deste Salmo 91 vai esclarecer que a promessa que a proteção divina do texto faz é justamente contra os efeitos da superstição que predominava entre o povo judeu. Por influência do paganismo dos seus vizinhos, os judeus estavam começando a temer maldições e calamidades trazidas por demônios. E salmista vai dizer: quem habita o esconderijo do Altíssimo não tem que temer nada disso, mesmo que o mundo à sua volta insista que essas coisas tenham poder. Além do que, o profeta que compôs este salmo tinha plena consciência de que o mal de origem sobrenatural era apenas fruto da imaginação ignorante, mas o mal praticado por uma nação iníqua era real e iria também atingi-lo por inteiro.

Mas esse é grave mais ainda não é o mais grave. O pior, como insinua o nosso texto base, não é usar a Bíblia para fundamentar as nossas superstições e sim expor ao povo as severas leis de moral e de conduta que criamos nos âmbito do Cristianismo como instituição religiosa e as colocá-las na boca de Deus como se fossem seus mandamentos.

Não deve ser por mero acaso que nunca tenhamos visto esta profecia de Isaías na tela nos nossos computadores. Pois está aí uma boa citação. Uma citação que confronta tudo o que foi dito nesta postagem, ou seja, questiona ambas as razões expostas. Mas isso ainda não é o melhor que se tem a dizer a seu respeito.

Esta é uma citação tão boa que foi curtida e compartilhada muito antes da era da informática por ninguém menos que Jesus de Nazaré (Mc 7.6-7). Quando é que vamos começar a levar o texto bíblico a sério? Quando é que vamos deixar a Bíblia dizer o que realmente ela quer dizer? Para isso, não é preciso muita coisa, como dizia D. L. Moody, é preciso tudo. E esse tudo começa por uma frequência assídua e participativa em algo que pode nos livrar das besteiras ditas e das superstições dos falsos profetas: a Escola Bíblica Dominical.

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