Show de horrores |
Texto do rev. Jonas Rezende.
Ao analisar os principais vultos do Antigo Testamento, Tiago entende — e coloca em sua carta que chega até cada um de nós — que o nosso trabalho e ação evidenciam a fé. Uma declamação de amor sem prática de vida é insulto a Deus.
O pastor Erasmo Braga, nome público dentro e fora do Brasil, disse certa vez: Ação sem oração é temeridade, mas oração sem ação é blasfêmia. Em seu livro Luar de Agosto, William Faulkner faz uma ácida crítica ao comportamento, calcado na religião, que incentiva os preconceitos, a discriminação e, mesmo, o linchamento. Jorge Amado, por sua vez, retrata, em Tieta do Agreste, a prostituta que tem um coração generoso e trabalha pela paz na cidade.
Nem preciso dizer com quem mais me identifico.
Jesus Cristo nos fala de dois filhos: um promete ao pai e nada faz; o outro, recusa-se a cumprir uma ordem, mas termina por executá-la. Aí está, como você vê, a distância entre a teoria e a prática. Podemos e devemos manter as duas, mas a necessidade de escolha me empurra para priorizar a ação, acima de fórmulas bonitas. Guerra Junqueiro, ao criticar a religião sem vida, que ilude e explora o homem, assim se expressa:
No centro de uma feira uns poucos de palhaços andavam a exibir em cima de um jumento um aborto infeliz sem mãos, sem pés, sem braços, aborto que lhes dava grande rendimento.
Os magos histriões hipócritas, devassos, exploravam assim a flor dos sentimentos. E o monstro arregalava uns grandes olhos baços, uns olhos sem calor e sem entendimento.Todo mundo deu esmolas a tais ciganos, deram esmolas até mendigos quase nus.
E ao ver este quadro, apóstolos romanos, eu lembrei-me de vós, funâmbulos da cruz, que andais pelo universo há mil e tantos anos exibindo e explorando o corpo de Jesus.
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