Santo Agostinho, Caravaggio |
Texto do
rev. Jonas Rezende
Moisés, em
sua bonita e profunda oração a Deus, pede um coração sábio para avaliar a vida
e conquistar uma verdadeira escala de valores. Creio firmemente que esta deve
ser também a nossa prece, a nossa meta.
Você
certamente concorda comigo que o cerne da religião, da fé e da própria vida é a
ternura, a bondade e o amor. De que valem, se não houver amor, os credos,
dogmas e catecismos de todas as religiões? Sabemos que essas formulações
doutrinárias provocaram, através da história, lutas, divisões, ódios,
inquisições, cruzadas, guerras absurdas e muito derramamento de sangue.
Se você ler
o livro O Martelo das Feiticeiras, escrito por dois teólogos medievais,
Sprenger e Kramer, vai perceber o esforço que eles fazem e a utilização de uma
lógica rigorosa até a loucura — para perseguir, condenar e matar os hereges. E
herege, de acordo com o próprio significado da palavra, é a pessoa que escolhe,
que faz a sua opção.
Cá entre
nós, neste sentido, eu também quero ser herege; pretendo escolher sempre por
mim mesmo. Mas, voltando ao livro de Sprenger e Kramer, é bom informar que mais
de setenta por cento dos que foram queimados pela Inquisição eram mulheres.
Apenas porque tinham conhecimento das plantas medicinais, eram parteiras ou,
simplesmente, exerciam a sua sexualidade.
Eu pergunto:
qual o valor de dogmas e doutrinas quando a serviço do aniquilamento do homem?
Creio que o verdadeiramente importante é o amor divino que Jesus encarna, o
despoja- mento de Buda, a entrega do Mahatma Gandhi, a oração de São Francisco
de Assis.
Você já
notou que tentar explicar a fé é como dissecar a mosca azul? Santo Agostinho,
no século IV, nos exorta, sem qualquer medo de cometer erros e desvios. E o
bispo de Hipona nos diz:
Ame e faça o que quiser.
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