Fé no que virá

O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram. Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se semeia, assim o SENHOR Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações. Isaías 1-2 e 11
Isaías 41.18, Ianwh
Talvez esse seja o marco principal na celebração do terceiro Domingo de Advento: a fé que a justiça haverá de prevalecer, ainda que tudo indique que o mal é irreversível. Não a fé pautada exclusivamente em uma intervenção drástica de Deus na História, mas a fé que antecipa esta justiça em tudo aquilo que lhe compete.

Se existe uma atitude que se deve esperar de todo cristão é a convicção de que todas as suas realizações em favor do Reino são manifestação da ação do Espírito Santo em nós, e de que sozinho não somos capazes de realizar nada de bom ou de proveitoso.

Mas parece que a fé vigente não anda muito atrelada a esse princípio. Parece que as observações de conduta moral e de preservação do arquétipo de cristão têm prevalecido sobre essa realidade. Precisamos ler mais as cartas de Paulo, principalmente o capítulo 7 da carta aos Romanos, em que o grande apóstolo dos gentios confessa a sua impotência diante do pecado que habita nele: Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.

Já foi anunciada algumas vezes aqui neste blog a preferência nítida de Deus pelo bem em detrimento do certo, e da justiça em detrimento do direito. Mas este é um conceito difícil de assimilar, temos que admitir. Primeiramente porque ele vai agredir vez por outra o consenso do que é certo e do que é direito. E segundo porque ele vai priorizar a necessidade em vez do mérito. Essa é a hora mais difícil de ser cristão, quando o infortúnio nos assalta em tempos de plena comunhão com Deus e quando mais nos sentimos próximos dele. A hora em que temos que temos que orar como Paulo: todas as coisas concorrem para o bem dos que amam a Deus.

Detida a tentação do conforto e segurança individuais estaremos prontos para ingressar na verdadeira preparação que o terceiro Domingo do Advento sugere: ações concretas em favor do Reino. O texto de Isaías sugere algumas: pregar boas novas aos quebrantados, proclamar a libertação dos cativos, consolar os que choram etc. Este é o grande desafio contra a corrente do mal que está instaurada em nosso mundo: admitir que Deus fará brotar um jardim de justiça no lamaçal de iniquidades em que está mergulhado este mundo.

O advento nos convida a crer somente, e, baseados nessa fé, começarmos a mudar as coisas à nossa volta na expectativa de que o novo ano seja o marco definitivo do começo dessa mudança. Quando John Wesley foi desafiado a mostrar os frutos do seu ministério, ele disse somente o seguinte: quem roubava, não rouba mais; quem adulterava, não adultera mais; quem usava de violência contra o próximo, mudou de atitude. E olhem que foram estes pequenos indícios de mudança que evitaram que na Inglaterra do século XVIII acontecesse o banho de sangue que ocorreu na vizinha França, por ocasião de um conflito onde o combate à miséria e à injustiça causou ainda mais miséria e injustiça.

Exemplos não nos faltam, esperança, muito menos. Então porque não nos comprometermos com o desfio do Advento, de que um novo ano comece com as nossas novas atitudes, na certeza de que essas pequenas mudanças são o sinal mais positivo para a verdadeira e grande mudança que Deus quer operar em nosso mundo?

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