Moisés e a serpente de bronze, Antoon van Dyck em 1620 |
Jesus deixou bem claro que a sua morte na cruz era o sinal da salvação para todos os que voltassem o olhar para cruz, crendo ser ela este sinal. Para que se tornasse mais compreensível este sinal, ele fez alusão à serpente que Moisés havia levantado no deserto, no êxodo, cuja simples visão curava evitando a morte: E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado. Jo 3.14 Este sinal é conhecido na teologia cristã como “Sinal da Serpente". Todavia, existe no texto bíblico outro sinal, que também foi dado a Moisés no deserto, que é um poderoso alerta para a nossa vida no evangelho. Um sinal que é dado a Moisés e que também evoca um acontecimento trágico do passado: O diálogo de Eva com serpente no Éden.
O que estava em jogo nessas situações não era a fé no sinal visível da salvação, mas o alerta para não cairmos na tentação de contradizermos Deus e a sua Palavra. Notem que a serpente contradiz Deus dizendo que Eva que não morreria se comece do fruto proibido. Da mesma forma Moisés contradiz diretamente a palavra que ouvira de Deus, dizendo que o povo não iria ouvi-lo. É o nosso texto de hoje.
Não podemos deixar de perceber também que há um elemento que é comum aos quatro episódios: a serpente. Ela está presente no Éden, nas duas situações no deserto e na mensagem de Jesus, sempre no lugar exato onde se faz a decisão. Comer ou não comer o fruto? Acreditar ou não acreditar no que Deus diz? Olhar ou não olhar para a serpente de bronze? Ter ou não ter fé no Cristo crucificado?
Não podemos deixar de perceber também que há um elemento que é comum aos quatro episódios: a serpente. Ela está presente no Éden, nas duas situações no deserto e na mensagem de Jesus, sempre no lugar exato onde se faz a decisão. Comer ou não comer o fruto? Acreditar ou não acreditar no que Deus diz? Olhar ou não olhar para a serpente de bronze? Ter ou não ter fé no Cristo crucificado?
A princípio parece que estas questões já estão superadas na nossa vida faz tempo. Parece mais o tipo de pergunta que deveria ser dirigida aos que ainda não creem, quando muito aos mais novos na fé. Mas o que dizer quando a Palavra manda que confiemos na sua providência e, contraditoriamente, colocamos a nossa fé na poupança ou nos investimentos? O que dizer quando ela nos manda que esperemos nele, e à menor tribulação corremos atrás de orações e interseções de bispos, padres ou pastores, que são tão suscetíveis ao infortúnio quanto nós? E quando priorizamos dons menores em detrimento do dom do amor? Quando a sua Palavra manda que nos aquietemos, e buscamos auxilio em livros de auto-ajuda e filosofias estrangeiras? Quando ele nos manda deixar as coisas velhas para trás e nos cercamos de objetos de cultos ancestrais estranhos à fé cristã? Quando dizemos não ao sim eterno de Deus?
A mitologia em torno da serpente pode ter desparecido ou estar restrita apenas a determinados credos, mas para nós cristãos, o elemento que faz dela um sinal de alerta não pode ser esquecido. Serpentes são colocadas frequentemente à nossa frente. Temos diante de nós sempre a escolha de a usarmos como um sinal de conformação da palavra de Deus ou de sermos picados com o veneno da negação. Tenhamos em mente que esta não é somente uma questão pessoal que nos defronta direta e individualmente com Deus. Existe por trás disso um plano de salvação que envolve todo o universo. Existe o princípio básico de como esperar que o mundo creia nesta Palavra se nós, os que fomos atingidos por ela, não damos a ela credibilidade irrestrita?
Martin Buber, filósofo judeu do século passado dizia: Os homens desenham caricaturas e escrevem embaixo: “Deus”; assassinam-se uns aos outros e exclamam: “em nome de Deus”. É duro constatar que o sinal da serpente está sendo mais considerado fora da igreja do que dentro dela, mas Cristo já tinha nos advertido: Se os discípulos se calarem, as próprias pedras clamarão.
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