A melhor imagem de Jesus: um túmulo vazio |
Vamos falar particularmente do pretenso aviltamento que
tentam impingir as supostas imagens de Cristo, quando estas, na verdade, têm
sido usadas com exclusividade para angariar muitos likes e dislikes nas
redes sociais e, a reboque, muito dinheiro também. Pessoas travestidas com
túnicas brancas, normalmente de porte esquelético, que nos seus gestos obscenos
ou grotescos estão querendo insinuar uma nova imagem de Cristo que pareça mais
atual e mais real. Não fazem a menor ideia de que a imagem que os cristãos em
sua maioria têm de Cristo o relaciona com um mestre de Israel, um curandeiro
que andou na Palestina fazendo o bem, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo ou, no entender dos samaritanos, o Salvador do mundo ou todas elas juntas.
O que temos de Nosso Senhor são imagens irretocáveis, principalmente por não
serem dimensionais ou corpóreas e que orbitam há anos luz das atuações teatrais
patéticas que tentam nos mostrar.
Não faz muito tempo que uma certa página no Facebook chamada
Porta dos Fundos foi o cerne da mensagem em muitos púlpitos de igrejas locais,
como também foi o assunto primordial dos pastores televisivos. O foco agora é o
próximo desfile da Escola de Samba Mangueira, que em seu enredo faz citações a
um tal Jesus de Nazaré que, particularmente, não faço ideia de quem seja e que,
como sugerido pelo samba enredo, em nada se assemelha ao Jesus de Nazaré dos
evangelhos. Então, por que temos que meter o bedelho em um assunto que não nos
diz respeito, quando temos uma infindável agenda de compromissos com o Reino de
Deus? Por que se empenhar em lutas estranhas quando temos lutas próprias para
travar? Na pior das hipóteses deveríamos seguir os ensinos do apóstolo Paulo,
que em Filipenses 1.18 diz: Todavia, que
importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por
pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me
regozijarei.
O que causa revolta é que os arautos da Palavra de Deus que
deveriam focar exclusivamente na imagem de Jesus, o Cristo de Deus, imagem essa
que uma magnânima cadeia de fidelidade nos legou por propiciar que os
evangelhos chegassem até nós, estão dando atenção e desperdiçando o tempo da
igreja com esses ou essas caricatas, fazendo com que dessa forma adquiram às
nossas expensas a popularidade que não teriam, caso não precisassem lançar mão
de seus recurso chulos.
Certa ocasião, por volta dos anos 1960, quando assistia uma
luta do Cassius Clay, ouvi os seguintes comentários dos locutores: Vejam como o público odeia esse boxer! Clay, um jovem lutador, era mesmo um
bravateiro, que além de se dizer o maior de todos os tempos ainda se
considerava a enciclopédia viva do boxe, daí o expresso ódio do público por ele.
Porém, imediatamente o outro locutor complementou: Vejam quanta gente pagou para odiá-lo! Tínhamos que aprender também
com esse homem. Não podemos mais alimentar esses parasitas da nossa fé, mesmo
porque já temos outros tantos parasitas domésticos com que nos preocupar.
Disse Jesus à aristocracia de Jerusalém: Se eles se calarem as pedras clamarão.
Pois é, a respeito desses parasitas as pedras já clamaram há muito tempo na
poesia Parasitas de Guerra Junqueiro.
No meio duma feira, uns poucos de palhaços
Andavam a mostrar, em cima dum jumento
Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
Aborto que lhes dava um grande rendimento.
Os magros histriões, hipócritas, devassos,
Exploravam assim a flor do sentimento,
E o monstro arregalava os grandes olhos baços,
Uns olhos sem calor e sem entendimento.
E toda a gente deu esmola aos tais ciganos:
Deram esmola até mendigos quase nus.
E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos,
Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz,
Que andais pelo universo há mil e tantos anos,
Exibindo, explorando o corpo de Jesus.
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