A libertação de Pedro pelo anjo, Jusepe de Ribera |
Não é de agora que a Bíblia vem nos mostrando
como lidar com as situações da vida, mesmo as mais escabrosas. Todavia, parece
que insistimos teimosamente em acreditar no que a mídia ou os políticos nos
dizem, em vez de dar ouvidos a um dos conselhos mais primários e úteis com que
o livro dos Provérbios inicia o seu ensinamento: Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu
próprio entendimento (Pv 3.5 – ARC).
Tenho que concordar que algumas narrativas bíblicas são
difíceis de acreditar, e que desta forma fazemos com que elas tenham se tornado
belos exemplos de fé dos nossos antepassados, mas que funcionaram muito bem em
outro tempo, em outra circunstância e em outro lugar, mas que já não teriam
mais eficácia nos dias de hoje. Logicamente que existe um motivo além do poder
de Deus por meio dos quais os acontecimentos descritos na Bíblia, e que durante
um longo período foram tradição oral contada de pai para filho, tivessem
acontecido de fato, e que não eram simples histórias das mil e uma noites
contadas por uma linda princesa.
Em primeiro lugar, diferente de nós, aquelas pessoas levavam
Deus a sério. Fornalhas não queimaram, bocas de leões permaneceram fechadas, o
sol parou, a pedra verteu água por que algumas pessoas se mantiveram firmas na
convicção de que Deus iria se manifestar de alguma forma diante do absurdo que
a situação apresentava. Em algum lugar dos seus coração eles abrigavam a
certeza de que Deus estava enxergando o que estava acontecendo, de que Deus não
era insensível ao seu infortúnio e que as mazelas não teriam a última palavra.
Em segundo lugar, eles não ficavam criando alternativas para
Deus agir. Os profetas vociferavam ferozmente quando esse erro cometido. Quando
a Assíria estava para invadir Israel, os governantes incautos foram tentar
fazer acordo com Faraó, forma buscar socorro no Egito. Dizia Isaías: ...pois a ajuda do Egito não vale nada. Por
isso, estou pondo no Egito o apelido de ‘O Dragão Manso’ (Is 3.7).
Valendo-me novamente do provérbio, o povo que permanecia
fiel não se estribava no seu próprio entendimento. A palavra de ordem era a do
salmista: Esperei confiantemente no Senhor.
Em terceiro lugar eles acreditavam que todas as coisas
concorriam para o bem dos que amam a Deus. Ainda que a solução dos problemas
acarretasse em uma boa parcela de sofrimento, e que o as promessas não seriam
obtidas sem sacrifício, eles primavam por deixar de lado a pretensão de querer
conhecer o futuro, de querer garantir um futuro tranquilo com paz e segurança e
continuavam atentos aos sinais de Deus. Ainda que um exército esteja acampado à
minha retaguarda para nos destruir e que à frente vejamos apenas um mar de
dificuldades: Diga ao meu povo que marche.
O nosso texto base conta como Pedro, encarcerados e
incomunicáveis nas masmorras da subversão política, que religiosidade
instituída dizia que agia segundo a vontade de Deus. Os eleitos pela graça não
foram bater panela na entrada do presídio. Não foram as ruas fazer passeatas em
nome do partido dos fariseus e contra os saduceus. Não ficaram torcendo em um
painel eletrônico para conhecer a já conhecida posição daqueles que estão
mergulhados até o pescoço em todas as falcatruas.
Pedro não foi solto porque um tribunal superior determinou
ser inconstitucional a sua prisão. Ele foi solto porque uma igreja perseguida e
sem voz orava com fervor por eles.
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