Antioquia da Síria, Willian Miller |
Uma das curiosidades menos conhecidas do Cristianismo é o
fato de que os primeiros seguidores de Jesus que foram reconhecidamente chamados
de cristãos eram de uma igreja gentílica que deveria ter entre seus membros
pouquíssimos judeus.
É bem certo que este apelido não era dirigido como um elogio
ou mesmo como identificação pura e simples de um seguidor de Jesus Cristo, mas
uma ofensa de baixíssimo calão, porque ser chamado de cristão representava tudo
que era ser ignorante, herege, adorador de um deus proibido e desprovido de
qualquer capacidade de raciocínio. Uma gravura do segundo século descoberta nas
ruínas de uma casa no monte Palatino, em Roma, mostra um homem crucificado e outro
ajoelhado a seus pés, e tem por legenda a seguinte frase: Alexamenos cebete teon, ou seja: Alexamenos adora seu deus. Não seria absurdo algum, desde que o
homem na cruz não tivesse como cabeça a cabeça de um jumento.
Mas o que é preponderante no texto é o registro histórico de
quem primeiro mais se revelou aos olhos do mundo se mostrando ser um autêntico
seguidor de Jesus Cristo, com todas as implicações que essa iniciativa
acarretava. Quando reparamos no nosso texto base, vamos ver que este movimento
ocorreu independente da conversão do centurião Cornélio, que não perece ter ido
muito além da conversão de seus parentes e amigos. Ocorreu também independente da
mudança do pensamento da igreja de Jerusalém após os relatos da ação do
Espírito Santo sobre os gentios. Este foi um fenômeno do qual apenas uns poucos
judeus, que perseguidos pelo Sinédrio, foram se refugiar e Antioquia e Chipre.
A importância da igreja de Antioquia foi apenas parcialmente
reconhecida pelos notáveis de Jerusalém, tanto que não se dispuseram a enviar
para lá um dos doze apóstolos ou sequer um dos seis diáconos restantes, mas sim
o piedoso Barnabé, que pelo menos conhecia bem a região.
Com poucos dias de permanência, Barnabé reconheceu que aquele
trabalho iria crescer vultuosamente e que uma pessoa somente não daria conta.
Imediatamente foi para Tarso em busca de Paulo.
Se pode haver santos veneráveis no Cristianismo de origem
gentílica esses são aqueles homens e mulheres achincalhados e humilhados pela
população de Antioquia, que não se renderam diante do exílio forçado, das
ofensas dos seus vizinhos e nem ao pouco caso da igreja de Jerusalém.
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