Prepotência e impotência

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Mas o empregado respondeu: “Patrão, deixe a figueira ficar mais este ano. Eu vou afofar a terra em volta dela e pôr bastante adubo. Se no ano que vem ela der figos, muito bem. Se não der, então mande cortá-la.”  Lucas 13.8-9

As manifestações facebookanas sobre as tragédias de Mariana e Paris se apresentam das formas mais diversas possíveis. Isso mostra que a interpretação individual dos fatos tem múltiplas tendências no ato de apontar culpados e de salvaguardar inocentes. Mostra também que não há imparcialidade no nosso julgamento, portanto, o mundo precisa de uma outra forma de amenizar as consequências mais imediatas daquele que são atingidos pelos infortúnios.

É verdadeiro o argumento daqueles que encontraram na história um fato gerador para que terroristas, principalmente argelinos, atentassem contra cidadãos franceses, a que não consideram de forma alguma inocentes. A história das negociatas da influência política das multinacionais em nosso país não nos permite pensar que a inundação de Mariana seja um caso isolado de descaso das autoridades. Não quero dizer com isso que as opiniões não sejam válidas, mas sim que o somatório delas não vai nos levar a lugar algum.  

Em Lucas capítulo 13 Jesus conta a parábola de uma figueira estéril e de um dono de terra que quer cortá-la. Esta é uma parábola que poderia bem descrever a nossa situação atual. Alguns de nós, consternados pela sofrimento alheio, se sentem como a figueira: estéril e sem possibilidade de reação. Isso seria a constatação da nossa total impotência diante das crises que nos assolam quase que diariamente.

Mas existe também entre nós o grupo dos ativistas, que acham que alguma coisa deve ser feita de imediato, pois assim como o dono da terra eles querem arrancar, matar e extirpar. Não que todos sejam de índoles violentas, mas é um sentimento válido no coração aqueles que já se cansaram de esperar por uma solução pacífica do problema. Porém, esta é uma forma de mostrar a nossa prepotência em resolver problemas graves com soluções empíricas.

Estamos todos nesse barco: dos impotentes e dos prepotentes, isso quando não alternamos de um lado para o outro com a velocidade de um piscar de olhos. Mas Jesus nos propõe uma terceira opção: a do empregado que cuidava da terra. Ele não havia plantado a figueira, muito menos seria ele o responsável pela sua esterilidade, mas ainda assim ele se sente responsável por toda aquela situação e se manifesta pronto a fazer algo para confrontar a crise: Patrão, deixe a figueira ficar mais este ano. Eu vou afofar a terra em volta dela e pôr bastante adubo. Se no ano que vem ela der figos, muito bem. Se não der, então mande cortá-la.

Não seria este o tempo de afofar a terra e colocar bastante adubo?

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