Unção em Betânia, Pieter Paul Rubens |
A última recompensa da fé que vem do nosso reconhecimento da
providência divina em nossas vidas. Nós conhecemos Deus pelo menos em, três
níveis distintos. Nós o reconhecemos no mundo que ele criou. Nesse mundo que
nos circunda. Diante das maravilhas que ele criou nós nos rendemos à sua
presença e a sua onipotência.
O segundo nível é o reconhecimento de Deus no processo histórico.
Deus não morreu, não é fruto de uma imaginação equivocada, não ficou obsoleto e
nem está dormindo. Ele está na História. Sei que é difícil mesmo enxergar a
ação de Deus em meio às absurdas injustiças e iniquidades que campeiam entre
nós. Por mais que as pessoas prefiram ver o Diabo trabalhando e dominando o
mundo, Deus está no processo histórico. O problema não é que ele não esteja
presente na nossa realidade, mas é que até nós mesmos, devido à nossa cegueira espiritual,
não conseguimos identificar a sua ação por trás das pequenas atitudes que
desafiam o mundo e suas mazelas.
O terceiro nível é quando reconhecemos Deus em nossas
experiências pessoais, e esta é a mais importante. Pois se eu não reconheço
Deus na minha vida, como poderei compreender que ele me ama, que me fez seu amigo,
que ele me perdoa, que me reconcilia, que ele fala comigo através da Bíblia, da
oração, dos sacramentos e da pregação da sua Palavra? Sem esse elemento vital
eu não poderei reconhecê-lo no mundo físico e nem no processo histórico.
O importante é que a nossa fé pessoas tem nos ajudado a ver
a ação de Deus no mundo. Nós podemos conhecer a nós mesmos; podemos conhecer os
outros; podemos conhecer esse mundo maravilhoso que é sua criação; podemos conhecer
Deus, mas nenhum desses conhecimentos é verdadeiramente profundo quando estamos
isolados da comunidade da fé. Sozinho não é fácil não. Quando eu nos vemos no
meio de muita abundância material, o que para nós brasileiros é muito mais
fácil, porque muitas pessoas da nossa classe média alta seriam consideradas pobres
em países mais evoluídos, fica parecendo que os problemas do mundo não existem.
Quando estamos em templos grandiosos e confortáveis nos esquecemos das igrejas
perseguidas, das que tentam sobreviver entre as comunidades carentes, das que
enfrentam discriminação religiosa. Perdemos a consciência de que somos agentes
de Deus no meio da marginalidade, da poluição, aí nos encontramos tão separados
de Deus que fica difícil reconhecê-lo. João disse que se você não ama a seu
irmão a quem vê, não poderá amar a Deus a quem não vê.
Quem vai a Deus precisa crer que ele existe e que recompensa
os que procuram conhecê-lo melhor. Essas recompensas são ao mesmo tempo materiais
e espirituais; ao mesmo tempo para o presente e para o futuro; essas
recompensas são ao mesmo tempo pessoais e coletivas. A pergunta agora é essa:
você acha que vale a pena crer em Deus? Vale sim, agora e eternamente. Nós fomos
criados para este fim. Mas mesmo assim, nós cremos em Deus não por causa das recompensas
que vamos receber, mas pelas que estamos recebendo. Depois de viver todas essas
experiências, nós não cremos em Deus porque nos achamos bons e retos e Deus
está nos abençoando por isso. Nós cremos em Deus não porque temos sido poupados
de sofrimento e dor, nem porque temos uma vida saudável, bens materiais para a
nossa subsistência e nem pelas alegrias da vida. Pelo contrário. Nós cremos em
Deus porque um homem viveu para fazer Deus conhecido. Nós cremos em Deus porque
um homem viveu para trazer o amor de Deus ao mundo. Cremos em Deus porque um
homem morreu numa cruz, num lugar obscuro chamado Calvário. Nós o amamos porque
Deus nos amou primeiro.
Quem vai a Deus precisa crer que ele existe e que recompensa
os que procuram conhecê-lo melhor.
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