Caim e Abel, Doré |
Tudo isso nos leva a perguntar: quais são as recompensas propriamente prometidas da fé cristã? Vou tentar analisar rapidamente as que eu entendo serem assim. Alguém pode ter outras, e eu recomendo que ele pegue as minhas e fique com as suas.
A primeira, é a segurança de sermos amados por um amor que nunca nos abandona. Já notaram que muitas religiões falam de Deus em termos impessoais? Falam de Deus como exemplo, como princípio, como força vital, como energia criativa, mas nós, que temos conhecido o amor de Deus revelado na pessoa de Jesus Cristo, jamais ficaríamos satisfeitos com tais descrições. Deus para nós é muito mais que um modelo, mais do que o arquiteto do universo, mais do que a força da natureza. Ele é amor.
O apóstolo Paulo na Carta aos Romanos nos descreve a de forma magnífica esse amor incessante de Deus. Um dos trechos mais lindos da Bíblia toda: Rm 8.38 - Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo. Em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor.
O segundo benefício é o de pertencer a uma comunidade. Embora a nossa experiência cristã seja exclusivamente pessoal, ela nunca pode ser privativa. Por isso é que todos nós precisamos pertencer a uma família ampla. É necessário pertencermos a uma família grande para podermos corrigir as nossas idiossincrasias, os nossos conceitos particulares. A maioria de nós tem ambições nada elogiáveis, e é preciso que estas ambições sejam desafiadas. Precisamos pertencer a um grupo que faça exatamente isso, e esse grupo é a comunidade da fé.
O sentido de pecado não é sempre aquele que apontamos no mundo, mas o de colocarmos a nós mesmo como e centro de tudo, como se fôssemos Deus na Terra. Alguns fazem isso de maneira acintosa e grotesca. Vide os apóstolos e líderes religiosos de nossa época. Mas a maioria de nós faz isso de um jeito bem mais sutil. Nós fazemos do nosso estado atual o significado maior de nossa existência, e assim recusamos o significado mais profundo que vem do amor de Deus. Nos recusamos a confiar no amor de Deus, na sua providência, na comunidade de fé e até nas promessas e milagres contidos na Bíblia, mais particularmente nos evangelhos.
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