Homem novo e homenm velho, Prince Amine |
Texto do rev.
Jonas Rezende.
A ideia do novo
percorre como seiva a Bíblia toda, especialmente o Novo Testamento: novo
nascimento, vinho novo, remendo novo, renovação da mente, novidade de vida,
novo céu e nova terra.
Há uma pergunta
que surge naturalmente, e quero partilhá-la com você: o que fazer com as coisas
velhas? Jogá-las na lata de lixo? É claro que não. Paul Loffler nos previne
que, se rompermos completamente com o passado, terminamos por perder “o
sentimento de continuidade histórica”.
Creio que, para
compreendermos essa declaração do apóstolo Paulo, é importante refletir sobre a
ideia que a Psicanálise tem do passado: não podemos anulá-lo nem mudá-lo; não
existe o verbo desacontecer, desviver. Mas podemos, isto sim, assumir uma
posição nova diante dos fatos Passados.
É assim que faz a
nova criatura. Digere o passado, incorpora-o, como a larva come o ovo, antes de
tomar-se borboleta. E parte em busca do eternamente novo, do crescimento sem
teto. Já os velhos gregos diziam que o homem é um ser inacabado, está sempre se
fazendo, renovando-se.
O sociólogo
Francesco Alberoni, em seu livro Gênese: Como se Criam os Mitos, os Valores e
as Instituições da Civilização Ocidental, lança luz sobre este assunto. As
instituições passam, para ele, por diferentes fases: o estado nascente, que
pode esgotar-se ou se transformar em movimento. E o movimento se toma,
finalmente, instituição. O estado fundante e o movimento são cheios de emoção,
mas a instituição pode perder, com o tempo, toda a vitalidade. E preciso,
então, sempre voltar à ideia inicial para salvar as nossas instituições. Voltar
ao “amor primeiro”, como nos diz o Cristo. Fazer tudo novo outra vez.
Walt Whitman nos
ajuda a entender esse processo de renovação através de sua instigante poesia.
Diz ele:
Necessidade inefável no céu e na terra
jamais saciada!
Eia navegante, larga tuas velas para
explorar e descobrir.
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