Filhos da perdição, Richard G. Scott |
Quando eu trabalhava nas imediações da sede do jornal O Globo conheci um rapaz que tinha uma cadeira de engraxate na esquina. Logo reparei que era um rapaz comunicativo e que era muito conhecido ali na região da antiga Praça XI, uma região de prostituição, principalmente gay, de boemia e malandragem desde muito tempo.
Logo na primeira vez que me sentei na sua cadeira começamos uma conversa longa, que vi que era bem mais demorada que o normal. Depois de vários assuntos abordados, o engraxate, muito sutilmente começou a falar do evangelho, e foi aí que eu fiquei sabendo que o rapaz que era engraxate durante o dia era pastor de uma pequena congregação à noite. A congregação podia ser pequena, mas entusiasmo e conhecimento teológico do seu pastor era digno de reconhecimento.
Com o tempo, pude comprovar que a sua popularidade era grande entre todas as pessoas que transitavam por aquela esquina. Jornalistas, engenheiros da Rio Luz e da CEDAE, que ali também tinham sede, lojistas e vários outros transeuntes não passavam por ali sem cumprimentar ou fazer alguma gozação com o pastor-engraxate. O próprio dr. Roberto Marinho nunca escondera o sorriso largo e amistoso quando via este rapaz.
Pois bem, este pastor é pastor de uma das congregações da Igreja Assembleia de Deus de Madureira, no Rio de Janeiro, que responde por centenas de pequenas congregações, como esta em que meu amigo é pastor. Pastor da mesma denominação que está sendo bombardeada pela nossa imprensa por estar supostamente envolvida no escândalo de propina dada ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como averiguou a operação Lava Jato da Polícia Federal.
Esta denominação sozinha se apresenta com mais da metade dos cristão evangélicos tradicionais em nosso país, tem mais de três vezes o número de membros que todas as igrejas neopentecostais juntas, tem a segunda maior gráfica do Brasil, perdendo apenas para a Gráfica da Bíblia, da Sociedade Bíblica do Brasil, é ferrenha na formação dos seus pastores e prodigiosa na educação cristã dos seus membros. Em suma, um grande orgulho do Cristianismo Protestante.
Deus prometeu a Abraão que preservaria Sodoma e Gomorra se nelas encontrasse pelo menos cinco justos. Nós estamos condenando milhões de justos e discípulos e discípulas fiéis de Jesus Cristo por causa de dois ou três filhos da perdição que afanosamente se valem da improbidade desta igreja.
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