O que é ANCIÃO ou PRESBÍTERO?

Jesus ante o Sinédrio, José deMadrazo
Primeiro Testamento.
Enquanto os israelitas viviam organizados em tribos, a autoridade ficava nas mãos dos chefes das tribos, clãs e famílias. Eram geralmente homens de certa idade, os anciãos (zeqênim). Embora todos os chefes de família tivessem, em princípio, direitos iguais, na realidade os chefes das famílias mais poderosas exerciam a autoridade na tribo. É por isso que desde cedo o nome de ancião se refere mais à dignidade do que à idade.

Os anciãos de Israel ou de uma tribo formavam a sua nobreza. Em tempo de guerra eles chefiavam os seus súditos, e em tempo de paz exerciam a jurisdição (Ex 18.13-26); como, porém, não tinham o poder de impor as suas sentenças com força, a sua autoridade era mais moral do que efetiva. A organização tribal, baseada sobretudo no parentesco, prevaleceu até depois da conquista de Canaã, e mesmo depois do cativeiro. Contudo a vida cotidiana era determinada pela organização local. Por isso tornava-se cada vez mais importante o papel dos a.s da cidade, isto é, dos habitantes mais notáveis. A aristocracia urbana foi aos poucos tomando o lugar da aristocracia.

Com a instituição da realeza e a tendência dos reis para um governo mais centralizado diminuiu a autoridade dos anciãos. Assim mesmo os reis tiveram sempre de levar em conta a sua opinião (I Sm 30.26; II Sm 3.17, que não poucas vezes eram os seus conselheiros (l Rs 12.6). Desde Salomão as cidades eram fiscalizadas por funcionários reais que cobravam os impostos e tinham atribuições policiais (l Rs 4.7-19); entretanto os anciãos das cidades guardavam os seus antigos privilégios.

Depois do cativeiro os persas concediam aos judeus uma limitada autonomia. Chefes e anciãos exerciam a autoridade local, sendo sobretudo responsáveis pela administração. No sinédrio havia, além dos sacerdotes-chefes e dos escribas, também cadeiras para os anciãos (Mt 27.41); esse colégio às vezes era chamado de presbiterion (Atos 22.5) ou gerousia (At 5.21). Até nas colônias judaicas da diáspora o governo da comunidade judaica em que os judeus tinham direito de cidadania ou pelo menos a sinagoga ficava nas mãos dos anciãos. O seu direito principal consistia em poder admitir novos membros na comunidade religiosa, e em excomungar (Lc 6.22).

Segundo Testamento
A palavra ancião encontra-se também no Segundo Testamento, referindo-se às autoridades cristãs (presbiterioi). Ancião indica sobretudo aqueles que governam as igrejas locais (I Tm 5.17); encontra- se sempre no plural, com exceção das epístolas pastorais; os anciãos, portanto, são considerados como um colégio. Pela imposição das mãos do presbiterion, o colégio dos anciãos. Assim era também em At 11.30 (Jerusalém); 14.23 (Icônio, Listra, Antioquia; nomeados por S. Paulo); 15,2.4.6.22s; 16,4 (apóstolos e anciãos de Jerusalém); 20,17 (Éfeso). A palavra não tem ainda, nestes textos, o sentido técnico da nossa palavra sacerdote, no sentido de ofício.

Com o título: "o ancião", o autor de II João e III João refere-se a si mesmo.

Os 24 anciãos de Ap 4.4 e 10; 5.5-14; 7,11; 13; 11.16 são sem dúvida uma espécie de senado celestial, reunido em torno de Deus (Dn 7.10; Is 24.23), participantes da sua realeza (as coroas de ouro). Na liturgia celeste eles desempenham funções sacerdotais (4;10; 5.8-11), e estão vivamente interessados na sorte dos homens (7.13; 11,16). É incerta a origem do simbolismo e do número de 24, bem como a questão de quais são os simbolizados ou representados por esses anciãos. Conforme alguns, o número de 24 vem das 24 classes sacerdotais de Israel (l Cr 24.7-18); os anciãos, então, teriam o papel de representantes glorificados da humanidade. Conforme outros estudiosos, o número de 24 vem, em última análise, das 24 divindades astrais da mitologia babilônica (duas vezes 12 estrelas, dos dois lados do zodíaco), e na concepção do autor os anciãos seriam anjos. Outros ainda pensam nas 24 horas do dia.


Fonte: Dicionário Enciclopédico da Bíblia, A. VAN DEN BORN

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