O abandono, Goeldi |
Qualquer observador minimamente informado diria que a
sociedade brasileira encontra-se em um incomensurável buraco, embora os mais
otimistas afirmem que podemos nos considerar felizes porque ainda não tem terra
por cima. A realidade é que vivemos sob a ingênua esperança de podermos
enxergar uma luz no fim do túnel.
Que pese o fato de que ainda não estejamos totalmente
conscientes da extensão dos males da corrupção em nosso país, temos que viver constantemente
sob a expectativa de novas denúncias de roubalheira. Mal assimilamos a tristeza
de ver o nosso único orgulho nacional, o nosso futebol, humilhado por um 7X1 na
nossa própria Copa, perdemos até o quarto lugar do continente. As nossas
assembleias legislativas e o nosso congresso não medem consequências para nos afrontar
com as decisões mais espúrias que o mundo já teve notícia.
Da mesma forma, trouxemos para dentro da casa, que deveria
ser de Deus, todo esse estado de iniquidade, o que tornou a igreja em apenas
mais instituição passível de investigação. Mazelas que nos levam a duvidar se
de fato existe uma luz no fim do túnel, ou se o mundo realmente jaz no maligno.
Parece que ver uma luz túnel se tornou a nossa grande
esperança, e que cada dia é mais um dia que Deus nos concede para vivermos sob
essa esperança. Mas faz algum tempo que comecei a meditar e aprender sobre uma
pessoa que não somente discordaria com veemência da nossa expectativa nesse
tipo de luz, como nos mostraria a luz do seu evangelho que está escondida
dentro de nós.
Por mais piedosa que possa parecer a esperança de uma luz no
fim do túnel, ela é totalmente anti-bíblica e essencialmente anti-cristã. Pelo
menos é isso que nos dizem os antigos hinos, quando nos asseguram: Pelo vale escuro, seguirei Jesus; A luz que me guia no escuro caminho, não
está no fim do túnel, mas fulgura de
cima, do Sol criador; diz também que o
trilho é estreito e escuro, mas no passado Deus nos guiou assim. Ou seja, a
fé cristã nos desafia a não esperarmos por luz alguma, principalmente pelo fato
de que nesse estamos ainda nesse mundo exclusivamente para sermos a sua luz.
Não vivemos debaixo do sucesso da Operação Lava-Jato ou da
mudança de caráter dos nossos governantes e congressistas. Não temos a nossa
segurança depositada na redução da maioridade penal ou mesmo no agravamento das
penas. Nosso futuro não depende da solução das crises de todas as ordens, e é
isso o que domingo, o dia do Senhor tem nos dizer.
Não existe uma luz no fim do túnel, mas existe uma luz além
do túnel. Uma luz que ainda não vemos claramente com os nossos olhos mortais, e
que só a veremos com os olhos espirituais se nos atrevermos a atravessarmos os
túnel, com toda a escuridão existente e outras que ainda podem ser acrescidas.
Em meio a uma crise de proporções semelhantes, o poeta
Castro Alves teve a inspiração de legar aos brasileiros a seguinte esperança:
Toda noite - tem auroras,
Raios - toda escuridão,
Moços, creiamos, não tarda
A aurora da redenção.
Um comentário:
Caro amigo
Vós sois a LUZ do mundo, disse Jesus e nossa LUZ é o próprio Deus.Agora,que está difícil viver nesse país, ah isso está.O Brasil precisa de luz e grande número de evangélicos, também.
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