As pernas curtas da mentira

As faces da mentira, Shutterstock
Vocês conhecerão a verdade e a verdade vai libertar vocês. Jesus Cristo (João 8.32)

Texto do rev. Jonas Rezende.
        
Algumas coisas precisam ficar bem claras, para que você entenda melhor esta promessa de Jesus. Primeiro, a verdade é desafio para uma busca que consome toda a existência, e não algo que se conquista e do qual tomamos posse. Não podemos, em decorrência, pensar também na verdade como um dogma petrificado, mas o conhecimento que cresce proporcionalmente à nossa busca e paixão.

Num Universo que se encontra em pulsações de expansão, como observa Einstein, e para um homem mergulhado na dinâmica evolutiva constatada por Charles Darwin, aprisionar a verdade em proposições rígidas e inflexíveis é verdadeiro suicídio intelectual. E espiritual. O único dogma cabível, para mim, é o dogma de não dogmatizar... Até porque a história nos mostra que os dogmáticos são os pais naturais de todas as formas de inquisição.

Creio que é esta compreensão diante da verdade divina que nos liberta. Porque nos leva a aceitar o outro, a despeito das diferenças que nos distinguem, mas não nos devem separar. Mais do que isso: desafia-nos a investir a vida no sentido de mudar situações sociais que nos escravizam, e também esmagam, com estruturas mentirosas e injustas, nossos companheiros de caminhada.
É para este nosso mundo sem credibilidade na família, na religião, na política e no Estado que as palavras de Jesus Cristo são de gritante atualidade.

A mentira é sempre a negação de uma opção consciente que se faz necessária e inadiável. E o pior tipo de mentira é o que nos impomos, ao acreditar em nossas próprias máscaras. Mas não adianta tentar fugir do encontro marcado que cada um tem consigo mesmo. A sabedoria popular nos adverte que “a mentira tem pernas curtas”. Chega o momento em que também nos perguntamos, como a poetisa Cecília Meirelles:

Em que espelho eu perdi minha face?

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