A punição de Ananias e Safira, Alexei Harlamov |
Em primeiro lugar o que Ananias e Safira fizeram era baseado
no desejo de ter o prestígio e o privilégio sem pagar o preço. Queriam o
reconhecimento sem a responsabilidade, e nós temos o mesmo desejo. Pensemos
naquilo que temos recebido. Temos sido amados, temos sido aceitos, temos sido
perdoados, o Senhor no chamou de povo seu, cada um tem um dom que recebeu do
evangelho, temos a graça, temos a esperança, o novo recomeço, a vida eterna.
Mas isso tem um preço: a entrega total, o comprometimento completo, o abandono de
todo o desejo da carne em nome desse privilégio.
A essência maligna do subterfúgio do casal aparece quando
queremos usufruir de tudo o que Cristo nos oferece sem entregar-lhe a direção e
o governo das nossas vidas. Tentamos manipular Deus através de louvores
exteriores, de elogios à sua magnitude, de contribuições comedidas, dando a
impressão de que somos dele. O preço pago pelo privilégio em Cristo é mais bem
reconhecido na nossa relação com os outros do que em relação ao nosso andar com
ele. Isso é verdade no casamento, entre amigos, na sociedade e é verdade também
na igreja. Gozamos o amor e o conforto daqueles a quem Deus nos tem confiado.
Temos o privilégio de ter amor e amizade daqueles que conosco congregam. Mas
estamos sempre fazendo o papel de Ananias e Safira com aqueles que nos
circundam com amor, estímulo e encorajamento. O fato é que eles necessitam tanto
de nós quanto nós deles.
Eu sei que não sou um bom exemplo de conduta, porque eu sei
que é tão fácil evitar, é tão fácil ser negativo, é tão achar o erro. Parece
que isso satisfaz a gente. Nosso mundo está morrendo é por falta de amor, não por falta de amizade, ou por falta de atenção, mas por falta do amor de Deus. Nós
nos aceitamos os da família da fé, amamos a nossa família consanguínea, mas
estamos sempre retendo o maior dom que temos para dar: nós mesmos.
Em segundo lugar, Ananias e Safira acreditavam que podiam ter
Cristo sem a igreja. Eles pensavam que a sua fé era algo individualista. Eles
pensavam que a sua fé era algo vertical. Eles pensavam que a sua fé era algo pessoal
entre eles e Deus. Eles pensavam que a sai fé era algo separatista. Eles queriam escolher o bem que exerceriam e quando exerceriam. Isso pouco importa à fé exclusivamente
individual, porque ela funciona assim mesmo.
Então, em seu retiro piedoso em separado eles contraíram uma terrível doença espiritual. Exatamente como nós, eles pensavam que Jesus Cristo viveu,
morreu e ressuscitou para a nossa salvação individual, e estavam certos. Cada
um de nós, de um jeito ou de outro, tem que buscar essa salvação individual.
Mas acontece que Jesus Cristo também viveu, morreu e ressuscitou para a nossa
inclusão no seu corpo, que é a sua igreja, como para nos incluir também em seu
ministério. Todos esses propósitos são essenciais. A palavra igreja significa
ser chamado de fora, ser chamado juntos e ser chamado à missão.
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