O blefe de Ananias e Safira III

A punição de Ananias e Safira, Alexei Harlamov
Entretanto, certo homem, chamado Ananias, com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade, mas, em acordo com sua mulher, reteve parte do preço e, levando o restante, depositou-o aos pés dos apóstolos. Atos 5.1-2

Em primeiro lugar o que Ananias e Safira fizeram era baseado no desejo de ter o prestígio e o privilégio sem pagar o preço. Queriam o reconhecimento sem a responsabilidade, e nós temos o mesmo desejo. Pensemos naquilo que temos recebido. Temos sido amados, temos sido aceitos, temos sido perdoados, o Senhor no chamou de povo seu, cada um tem um dom que recebeu do evangelho, temos a graça, temos a esperança, o novo recomeço, a vida eterna. Mas isso tem um preço: a entrega total, o comprometimento completo, o abandono de todo o desejo da carne em nome desse privilégio.

A essência maligna do subterfúgio do casal aparece quando queremos usufruir de tudo o que Cristo nos oferece sem entregar-lhe a direção e o governo das nossas vidas. Tentamos manipular Deus através de louvores exteriores, de elogios à sua magnitude, de contribuições comedidas, dando a impressão de que somos dele. O preço pago pelo privilégio em Cristo é mais bem reconhecido na nossa relação com os outros do que em relação ao nosso andar com ele. Isso é verdade no casamento, entre amigos, na sociedade e é verdade também na igreja. Gozamos o amor e o conforto daqueles a quem Deus nos tem confiado. Temos o privilégio de ter amor e amizade daqueles que conosco congregam. Mas estamos sempre fazendo o papel de Ananias e Safira com aqueles que nos circundam com amor, estímulo e encorajamento. O fato é que eles necessitam tanto de nós quanto nós deles.

Eu sei que não sou um bom exemplo de conduta, porque eu sei que é tão fácil evitar, é tão fácil ser negativo, é tão achar o erro. Parece que isso satisfaz a gente. Nosso mundo está morrendo é por falta de amor, não por falta de amizade, ou por falta de atenção, mas por falta do amor de Deus. Nós nos aceitamos os da família da fé, amamos a nossa família consanguínea, mas estamos sempre retendo o maior dom que temos para dar: nós mesmos.

Em segundo lugar, Ananias e Safira acreditavam que podiam ter Cristo sem a igreja. Eles pensavam que a sua fé era algo individualista. Eles pensavam que a sua fé era algo vertical. Eles pensavam que a sua fé era algo pessoal entre eles e Deus. Eles pensavam que a sai fé era algo separatista. Eles queriam escolher o bem que exerceriam e quando exerceriam. Isso pouco importa à fé exclusivamente individual, porque ela funciona assim mesmo.

Então, em seu retiro piedoso em separado eles contraíram uma terrível doença espiritual. Exatamente como nós, eles pensavam que Jesus Cristo viveu, morreu e ressuscitou para a nossa salvação individual, e estavam certos. Cada um de nós, de um jeito ou de outro, tem que buscar essa salvação individual. Mas acontece que Jesus Cristo também viveu, morreu e ressuscitou para a nossa inclusão no seu corpo, que é a sua igreja, como para nos incluir também em seu ministério. Todos esses propósitos são essenciais. A palavra igreja significa ser chamado de fora, ser chamado juntos e ser chamado à missão.

Jesus morreu não apenas pela nossa redenção individual, mas para criar um povo, uma nova Israel unida firmemente no poder do seu sangue. Nosso problema é que nós queremos Cristo sem nos envolver com a igreja e com a missão. Desejamos ir à igreja todo domingo para sairmos de lá inspirados e elevados espiritualmente e andar particularmente com o nosso Cristo durante a semana, sem termos a responsabilidade para com o seu corpo. (continua)

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