que te importa?
Quanto a ti,
segue-me.
João 21.22
Texto do reverendo Paulo Schütz extraído do blog http://plebemaldita.blogspot.com.br
Alguma coisa ele fez! Eu não mereço! Não é justo!
Exclamações desse tipo ouvimos inúmeras vezes todos os dias. As pessoas pensam
que as boas ações devem sempre ser compensadas com alegrias, e as más, sempre
com aborrecimentos, apesar de constatarem na vida diária que as coisas nem
sempre funcionam dessa maneira. Não é um problema dos tempos atuais, desde os
primórdios os homens se esforçam por solucioná-lo.
O livro bíblico de Jó faz coro com sábios de todo Oriente
antigo na busca de uma resposta. O protagonista é justo tanto aos seus próprios
olhos quanto aos olhos de Deus, de modo que não consegue compreender a situação
em que se encontra, que lamenta profundamente. Os amigos que vêm para ajudá-lo
já têm a resposta pronta: Alguma você
aprontou! E procuram convencê-lo por meio de longos e elaborados discursos.
Finalmente, Deus toma a palavra. A quem dá razão? Ira-se contra os amigos, porque
não disseste de mim o que era reto. Não sem antes dar uma verdadeira
espinafrada em Jó, como que para deixar claro que toda a justiça que alegara
ter praticado não o tornava merecedor do menor favor divino: Quem é esse que escurece os meus desígnios
com palavras sem conhecimento? Se decidisse restituir a fortuna de seu
servo, como o fez, seria única e exclusivamente fruto de sua vontade livre e
soberana.
Os evangelhos não conseguem dissimular certa ciumeira que
havia entre os discípulos com relação à proximidade do mestre com João, o qual
chega mesmo a referir-se a si próprio como aquele que Jesus amava. Foi o
que levou Pedro a perguntar a este, referindo-se àquele, E quanto a este?, imediatamente após o
mestre sugerir com que tipo de morte Pedro haveria de glorificar a Deus. Jesus
limitou-se a responder: Se eu quero
que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me.
É difícil aceitar. Parece injusto, aos homens. Mas a justiça
de Deus consiste exatamente em distribuir gratuitamente seus favores e ela se
manifesta entre nós sempre que alguém serve sem esperar retorno e quem recebe
não é constrangido a pagar por isso. Sem barganha: já não haverá mais luto, nem pranto, nem dor, pois as primeiras coisas
passaram.
Com Deus não tem
barganha.
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