A última ceia I

O lavapés, Hans Braegelmann
Leia Marcos 14.12-16.

Texto baseado em sermão do rev. Garrison.

Jesus nos falou para encontrá-lo no Cenáculo. Ele nos mandou na frente para que encontrássemos o lugar e preparássemos a sala onde iríamos comer a ceia. A maneira como a sala estava disposta e como a encontramos era bem estranha. Estranhas e até mesmo absurdas pareceram também as orientações que ele nos deu para que executássemos as suas ordens. Ele nos disse simplesmente isso: Procurai em Jerusalém um rapaz carregando água. Ele nos disse para nós seguirmos aquele rapaz até a casa onde ele ia entregar a água. Disse também para na casa onde ele entrasse que interpelássemos o dono da casa com a seguinte pergunta: Onde fica a sala que eu e meus discípulos comeremos o jantar da Páscoa? Jesus insistiu ainda mais com as suas instruções estranhas: O dono mostrará a vocês uma grande sala em um andar superior mobilhada e pronta. Preparem ali tudo conforme eu lhes digo.

Aconteceu desse jeito mesmo. Foi tudo exatamente como ele falou, por mais estranho que possa parecer. Para início de conversa, na Palestina não são os homens que carregam água, essa é uma tarefa dos escravos e das mulheres. Então, como alguém entra em Jerusalém esperando encontrar um homem carregando água? Mas eles encontraram, e fizeram mais que isso: seguiram o desajustado para ver onde ele ia. Quando chegaram à casa encontraram o dono de braços abertos, que os levou para o andar de cima, e comprovara que a sala que lá havia era grande e que estava mobilhada exatamente como Jesus lhes havia dito. Faltavam apenas os elementos para a ceia que eles mesmos teriam que providenciar.

Eles devem ter murmurado entre si: Esse nosso Mestre tem poderes estranhos. Às vezes ele nos mostra um poder misterioso que só pode vir de Deus. Curioso que este poder em vez de fazê-lo menos humano, ao contrário, nos faz nos sentir mais perto dele. É difícil explicarmos esse aspecto sublime que nos leva a amá-lo mais e que nos ajuda a sentirmos mais o seu amor por nós.

Na hora do por do sol os doze começaram a chegar. Acharam aquela sala perfeita e havia no ar uma expectativa de que aquela era a hora apropriada para que Jesus instaurasse definitivamente o Reino de Deus. Em grupos de dois ou três eles perguntavam entre si o que cada um iria fazer quando o Reino se tornasse uma realidade. Pensavam também no poder e na autoridade que eles passariam a ter. O Reino de Deus estava para chegar e os ministros desse novo reino eram eles. Imaginavam como ficaria aquela parte do mundo onde eles iriam governar, uma vez que os imperialistas, os romanos que os oprimiam, agora passariam a ser seus servos.

No auge das suas elucubrações Jesus entrou, e é claro, eles o receberam com alegria. Admirados e ansiosos cada um tomou seu lugar à mesa. Justamente na hora que era para ser servido o jantar, Jesus fez uma coisa mais estranha ainda. Tirou a parte de cima da sua vestimenta, amarrou uma toalha na cintura. Podemos nós imaginar a perplexidade deles nessa hora? E quando Jesus pegou uma bacia e começou a lavar e enxugar os pés deles, um por um? Ali estava o Mestre agindo como o mais humilde criado, como o menos habilitado dos escravos.

Interessante é que não havia qualquer condescendência em sua atitude. Ele não estava fingindo uma aparência e nem encenando uma peça teatral. Era como se fosse o serviço dele de todos os dias. A prova disso é que os discípulos ficaram mudos, e somente Pedro o questionou. Jesus lhe disse que ele entenderia mais tarde. Mas Pedro tirou os pés da bacia, recusou ser incluído no lavapés e disse: O Senhor nunca lavará os meus pés. O Senhor é meu Mestre, eu é que tenho obrigação de lavar os seus pés. Neste instante, Jesus olhou diretamente nos olhos de Pedro e falou com uma ênfase que ninguém esperava: Se eu não lavar os seus pés, você não será mais meu discípulo.

Jesus nunca havia falado desse jeito, então imaginem o choque que estas palavras provocaram. Todos queriam saber qual seria a reação de Pedro. Ao sentir o peso daquela atitude, imediatamente voltou atrás e disse: Não me lave os pés, somente. Lave também as minhas mãos e a minha cabeça.

Quando chegar a vez de Jesus lavar os nossos pés, qual será a nossa reação imediata e qual será também a nossa expectativa depois que isso acontecer? 



2 comentários:

NEHEMIAS RUBIM disse...

Caro amigo Sergio
Eu vivo insistindo num ponto: precisamos vivenciar o Jesus HUMANO, nascido de Maria. Tomemos este exemplo do lava pés. Ele diz: " Eu vim para servir, não para ser servido." Imagine nós humanos nos servindo mutuamente, não apenas os servos servindo aos senhores. Os mestres e senhores também serviriam aos discípulos e aos subalternos. Seria a concretização do Reino de Deus. Não nos esqueçamos, o Reino de Deus já está DENTRO de nós, e portanto DENTRE nós. Apenas de forma latente, cabe a nós materializá-lo, servindo-nos amorosamente uns aos outros.
Amém.
Grande abraço.

Amós Boiadeiro disse...

Acho que a mensagem de hoje resolve esta questão.

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