Onde é a tua igreja? III

Eis que estou à porta e bato...
É bom que seja assim, contudo, por mais que consideremos a opinião dos outros, a pergunta mais importante dessa trilogia, para usar uma palavra da moda, é essa: onde é a minha igreja? Essa é a pergunta crucial, pois ela parte de nós para nós mesmos. Logicamente que não a fazemos com o intuito de relembrarmos o seu endereço, mas com a convicção de que a pergunta exige que extrapolemos o conceito da edificação chamada igreja.

No seu projeto inicial, Jesus a alicerçou sobre ombros humanos: Mc 16.18a ­­‒ Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja. Uma igreja que leva a marca da inconsistência, pois Jesus conhecia muito bem aquele a quem atribuiu tamanha responsabilidade. Um Pedro que em meio a um milagre, duvida; na confrontação definitiva, se acovarda; um Pedro que tem duas caras, uma para os judeus e outra para os gentios e não vacila em usá-las. Mas também um Pedro voluntarioso, que se antecipa aos demais e que consciente das suas limitações oferece a Jesus a única coisa que ainda lhe restou: o amor incondicional pelo seu mestre. Jesus está ciente de que suas as falhas são em número igual às tantas vezes que sonhamos com uma igreja perfeita, mas ainda assim insiste em confiar-lhe o seu maior legado: a salvação do mundo.

O projeto inicial previa também uma igreja itinerante, muito diferente do sedentarismo que hoje nos assola. Uma igreja que tendo pela frente um mar de dificuldades e nos seus calcanhares os mais poderosos inimigos, ainda consegue ouvir e atender a voz de um Deus que está sempre dizendo: diga ao meu povo que marche. Que marche de encontro às estruturas mais bem constituídas e consolidadas, sob a promessa de que elas não suportarão a sua investida: Mc 16.18b ­­‒ e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

Quanto ao número de membros suficientes para a consolidação da promessa temos algumas sugestões, e todas igualmente válidas. John Wesley avaliava esse número em cem pessoas: Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejem senão a Deus, e eu abalarei o as estruturas do inferno. Jesus, ainda sob a perspectiva humana falava em um número bem mais modesto: Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. Paulo, por sua vez, o reduziu o numero funcional de uma igreja a uma única pessoa: Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Mas a palavra final sobre esse assunto está mesmo com Deus, o único que possui a visão total da história: um só rebanho, uma só igreja, uma só fé, um só Pastor.

Onde está a minha igreja? Escondida debaixo de uma denominação, de uma convenção ou mesmo debaixo de um templo? No contexto da ICI, ela está na rua Joana Angélica, 203, em Ipanema. Mas lá é o lugar onde eu passo umas poucas horas de um único dia da semana. É esse o endereço da minha igreja? A que eu tento enganar? Onde está a igreja que deveria estar no meu trabalho, na minha casa e na minha convivência?

Se voltarmos os olhos ao velho e bom hino citado na primeira meditação desta série veremos que as recomendações continuam as mesmas. Que existe apenas uma igreja que realmente funciona. Tenha ela o rol que tiver, a localização mais improvável, ou a o mais humilde local de encontro, ela é a igreja de Jesus Cristo. A única comissionada a levar o seu nome. Por tudo isso é que antigamente cantávamos assim:
Leva tu contigo o nome  
De Jesus, o Salvador, 
Este nome dá conforto  
Hoje, sempre e onde for.

Atentem bem: hoje, sempre e onde for!

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