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Instituição
comprometida com o lema da Revolução Francesa - liberdade, igualdade e
fraternidade a maçonaria, que no Brasil e no mundo participou de tantas e
justas lutas, inicia seus encontros com a leitura deste pequeno e importante
salmo de Davi. O poemeto utiliza imagens pertinentes da história e da geografia
da Terra Santa, para justificar seu verso de abertura: é bom e sobremodo
agradável viverem unidos os irmãos.
O povo de
Israel foi plasmado por Moisés, que o dirigiu desde o Egito, fugindo da servidão,
até a terra onde deitaram suas raízes e se estabeleceram como nação. Viver
nessa comunidade era participar da sua memória, passada de pai para filho,
ainda antes do seu registro escrito. Significava realizar celebrações que
dramatizassem, com suas festas, a vida de escravidão no Egito; a grande libertação;
a travessia do mar Vermelho; os 40 anos no deserto, quando viveram em tendas, o
que sempre haveria de lembrar-lhes a provisoriedade de tudo; as sedições contra
o líder; a Arca da Aliança, com as tábuas que registravam os dez mandamentos;
o bezerro de ouro; a ação de Deus dia e noite; o maná; a água que jorrou da
rocha; o sonho com o grande templo, que apenas seria construído por Salomão,
filho de Davi.
Tão
importantes são as tradições judaicas e tão arraigadas ficaram no coração do
povo que, durante a longa diáspora ou dispersão dos judeus, do ano 70 d.C.,
quando se dá a queda de Jerusalém e a derrubada do templo por Tito, até 1948,
com o reconhecimento do moderno Estado de Israel - embora esparramados pelo
mundo inteiro, os hebreus mantiveram a sua identidade como povo. E, desde a
volta para a terra, ressuscitaram o hebraico como língua oficial, fato ainda
mais importante que a hipótese de o latim voltar a ser falado em Roma.
Sem tomar
partido nos intricados problemas atuais do Oriente Médio, quero apenas
reconhecer que a comunidade judaica cultivou as tradições surgidas nos tempos
bíblicos, e foi isso que manteve a sua integridade nacional, como o rei Davi
registra neste salmo.
O livro Ensaio
sobre a cegueira, do grande escritor português José Saramago, lembra-me uma
parábola bíblica. Porque apresenta a história de uma sociedade em que todos vão
ficando cegos.
É neste
mundo, em que se perde o contorno das coisas e o papel dos valores e conceitos,
que a experiência de pequenas e grandes comunidades, da família ao Estado,
ganham uma importância ainda maior. Porque, na união decantada pelo salmista, podemos
redescobrir e resgatar o que é de fato importante para os novos tempos que
estamos vivendo. A sabedoria popular nos instrui: a união faz a força. E o lema
dos três mosqueteiros que, por sinal, eram quatro, ajuda-nos como inspiração:
um por todos e todos por um.
Um velho
hino, baseado no salmo de Davi, suplica a Deus:
Envia-nos, Senhor, do teu monte Sião
aquela graça que produz a santa e
doce união.
Se você concorda, diga
apenas amém.
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