O que é o LIVRO DE JONAS?

Profeta Jonas, iluminura do XI século
Ao contrário dos outros livros proféticos da Bíblia, o livro de Jonas não deve seu nome ao autor, mas ao personagem principal da narrativa. Em resumo, ele conta a saga de um profeta que recebeu de Deus a ordem de pregar na cidade assíria de Nínive o arrependimento da injustiça e crueldade que eram cometidas pelos seus cidadãos contra os povos por eles dominados.


Para fugir da missão, Jonas foge para o Leste, o lado oposto de onde ficava a Assíria, embarcando em um navio que está prestes a passar por uma terrível tempestade no Mediterrâneo. Identificado pelos marinheiros pagãos como o responsável pela ira dos deuses que provocaram a tempestade, Jonas é jogado ao mar revolto com o intuito de abrandar a ira deles. Por uma ação de Deus o profeta é engolido por um enorme peixe que após três dias abrigado em seu ventre, o vomita na praia, onde ele recebe um novo chamado.

Contra todas as expectativas a mensagem do profeta é bem recebida e aceita pelos moradores de Nínive, eles se arrependem das suas más ações e recebem o perdão de seus pecados. O amor e o cuidado que Deus dedica à nação arqui-inimiga de Israel deixa Jonas tão frustrado que nada pede para si, a não ser a morte. O episódio final do livro em que uma mamoneira nasce, cresce a ponto de lhe oferecer uma sombra, e morre no espaço de um dia, é a confrontação definitiva entre os mais sublimes propósitos de Deus para o mundo e a prepotência judaica de insistir em querer para si a exclusividade do amor de Deus, bem como ser o único herdeiro das promessas que Deus fez a Abraão, quando o escolheu.

A origem desse livro permanece obscura, pois não faz alusão a um fato histórico concreto nem à realidade vivida pelo seu autor ou autores, visto que um anacronismo é visível de imediato. Na época em que ele foi escrito, Nínive há muito havia sido destruída pelos babilônicos, pois sua destruição data de 606 aC. Porém, muitos estudiosos concordam que sua datação é posterior ao cativeiro babilônico, colocando a sua redação no período pós profético, entre os anos 400 e 200 aC. Sua unidade é também contestada. O salmo transcrito no capítulo 2 não diz respeito à situação existente, tratando-se, provavelmente, de uma inserção.

Pelo seu estilo o livro não pode ser encaixado plenamente no gênero literário que chamamos de profetismo bíblico. Contudo, o livro de Jonas consta entre os livros proféticos pelas seguintes razões: pelo fato do seu personagem principal ser reconhecidamente um profeta chamado por Deus, por causa da sua tendência didática e pelas denúncias contra a injustiça, e por sua pregação sobre a inescapável salvação de Deus. Mas, por outro lado, difere-se deles pela falta de um contexto histórico cuja mensagem seja apropriada, porque, como já foi dito, a cidade de Nínive era apenas um monte de ruínas, criando, assim, a universalidade e a atemporalidade do seu texto. Um número considerado de exegetas vê o livro como uma parábola que, mesmo que respaldada por Mt 12.38ss, não apresenta um fato, mas a, até então, revolucionária doutrina da universalidade da salvação. A redação do autor imita, de certa forma, alguns textos do saltério, bem como textos da tradição, como o livro de Jó.

Sua doutrina é a universalidade da salvação, o que torna o livro um protesto contra o particularismo judaico representado por Jonas, que tenta eximir-se da sua missão entre os gentios. Por outro lado, da a entender que as decisões divinas que visam destruir os pagãos, tem, na realidade, por objetivo atingir a consciência do povo escolhido para este atente para o seu chamado.

A mensagem do livro é simples, direta e particular. Tanto serviu para Israel no passado, como é propícia a igreja de hoje. Se Nínive, a grande cidade do mal pôde ser convertida pela pregação profética, por que Israel não se converteu e por que a igreja não se converte ao chamado de Deus para a salvação do mundo?

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