Amós e a visão da praga de gafanhotos. |
Ao ler a postagem do rev. José Magalhães Furtado, velho
companheiro de Federação de Jovens, sobre a manchete do O Globo, Heróis do
nosso tempo, fiquei imaginando quem foram e quem são os meus heróis. Bom, no
passado eu era fã incondicional do Fantasma, um herói que não tinha capa e nenhum
superpoderes sequer, mas todo mundo pensava que ele tinha quatrocentos anos. Depois
passei pela fase dos anti-heróis e apreciava mesmo os bandidos metidos a engraçados.
Porém, um contato mais estreito com a teologia bíblica me fez ver nas
entrelinhas um herói escondido atrás do gado e é a ele quem presto homenagem, desde fevereiro de 2012, por meio desse blog que insisto em manter on-line. Contando
hoje com 1.739 mensagem e 175.035 visitas, Amós Boiadeiro vem mais uma vez exaltar
o seu patrono em uma meditação para os dias de hoje.
No cenário nacional, assim como no meio evangélico, os heróis
têm se alternado. Quando vejo a mudanças drásticas de polaridade entre Lula e
Bolsonaroo e entre Malafaia e Augustus Nicodemos, mesmo sem ter preferência
por qualquer dos lado, percebo que minha transição de heróis do passado não seria
tão incomum assim no nosso tempo. E exatamente é aí que brilha com o mais intenso
fulgor a contemporaneidade eterna do profeta de Deus do passado.
Quem era Amós, senão um boia-fria. Não era comum a
ambiguidade de profissões entre os antigos. Quem era pastor de ovelhas, era
pastor de ovelhas, quem era agricultor, era agricultor. A Bíblia é farta em
relatos de conflitos entre esses dois grupos. Conflitos que começaram entre
Caim e Abel, espalharam-se mundo a fora e perduram até hoje. Amós se encaixaria
perfeitamente entre aqueles que, na parábola de Jesus, foram chamados para
trabalhar na vinha na última hora. Mais um daquele que se mantinham à beira da estrada na
enfadonha espera de quem o contratasse para garantir o sustento de mais um dia.
Aquele que não tinha especialização e por conta disso recebia os menores
salários.
Mas Deus foi buscá-lo lá no anonimato; Deus foi
comissioná-lo quando ele exercia uma função nada valorizada, mas o fez
para desafiá-lo a uma missão profética totalmente irregular, pois era de se
esperar que o profeta denunciasse a iniquidade dos governantes do seu povo. Deus, porém, sabia que Amós era abusado demais para jogar dentro das quatro linhas do estreito campo
de reino de Judá. Ele simplesmente atravessou a fronteira e foi meter o seu dedo
na cara de um rei estrangeiro, na cara do rei do norte que já o odiava pelo
simples fato de ter nascido no reino do sul. Imagine agora o ódio do rei quando
Amós disse que a esposa do sumo sacerdote iria virar uma prostituta (Amós
5.17).
Penso que Jeroboão foi condescendente com Amós, pois a
separação recente dos dois reinos veio corroborar com os também fartos relatos
bíblicos Bíblia de conflitos entre esses dois segmentos, mesmo quando ambos
estavam sob domínio de um único rei.
Só sei que o meu herói, o profeta da justiça, não deixou se intimidar pelo fato de
não fazer parte do enredo, ainda que sem fantasia cantou em alto e bom som o
seu samba-enredo:
Quando o leão ruge,
quem não fica com medo? Quando o Senhor Deus
fala, quem não anuncia a sua mensagem? Vocês têm ódio
daqueles que defendem a justiça e detestam as testemunhas que falam a
verdade; vocês exploram os
pobres e cobram impostos injustos das suas colheitas. Ai dos que querem que
venha o Dia do Senhor! Por que é que vocês querem esse dia? Pois será um dia de
escuridão e não de luz. Será como um homem que
foge de um leão e dá de cara com um urso; ou como alguém que entra em casa e
encosta a mão na parede e é picado por uma cobra. Todos ficarão com
fome, mas não por falta de comida, e com sede, mas não por falta de água. Todos
terão fome e sede de ouvir a mensagem de Deus, o Senhor.
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