O mestre e aquele que tentou acompanhá-lo |
Ó Senhor Deus,
eu não disse, antes de deixar "Casa Branca", que era isso mesmo que ias fazer?
Foi por isso que fiz tudo para fugir para a Espanha! Eu sabia que és Deus que
tem compaixão e misericórdia. Sabia que és sempre paciente e bondoso e que
estás sempre pronto a mudar de ideia e não castigar. Jonas 4.2
Muito se especula acerca do ministério profético desse
escolhido de Deus. Há quem pense ser ele uma referência àquilo que um profeta
não deveria fazer e nem dizer. Mas não há com contradizer as Escrituras, pois
são elas que o chamam de profeta. Não há nada debaixo desse sol que nos permita
duvidar de suas palavras. Jonas era um profeta na concepção mais intrinceca deste
ofício.
Jonas não foi evasivo como Jeremias, o qual se agarrou no
pretexto ser muito jovem para fugir do peso da responsabilidade. No seu chamado, Jonas não se sentiu esmagado por estar na presença de Deus, posto que se
apresentou diante dele sem estar possuído de um sentimento de culpa qualquer, assim
como acinteceu com Isaías. Jonas abraçou alegremente o causticante encargo da
profecia, apesar de suas deficiências congênitas e das adquiridas. De forma alguma as
apresentou como subterfúgio para negar seu chamado, tal qual o velho Moisés
assim o fizera.
Jonas era o profeta maduro, que irrompe pronto das páginas da Bíblia, que não atenta
contra o seu povo e nem lhe dirige palavras ameaçadoras. Pelo contrário. No
instante em que viu o perigo cercando o barco e as pessoas à sua volta, imediatamente se
apresentou como o único culpado e merecedor de receber sobre si todo o castigo para amenizar o perigo que era iminente.
Então, qual era o problema de Jonas? Ele mesmo nos apresenta: Aqueles que adoram
ídolos, que são coisas sem valor, deixaram de ser fiéis a ti. Jonas 1.8 O
problema de Jonas era esse: Uma paixão irrefreada pela fé autêntica.
No dia de ontem, mais uma vez, um profeta Jonas se despediu de nós. Desta
vez não o profeta bíblico e sim o profeta da Bíblia. Aquele que tirava do
fundo da memória trechos enormes e complexos do conteúdo que se fez santo, para
em seguida discorrer sobre eles com detalhes precisos de quem narra algo que
testemunhara naquele mesmo dia. O Jonas que se despediu de nós foi simplesmente
o maior orador sacro do seu século e, pelo que se pode observar no circuito
eclesiástico, ainda o será por um longo tempo.
Então, se ele era mesmo tão bom assim, qual era o problema desse
nosso Jonas? O problema do nosso Jonas, a exemplo do seu homônimo, também era a
paixão pela autenticidade da fé. Ele mesmo afirma em um sermão pregado há
exatos trinta e sete anos: É o abalo do
dogma; da doutrina estática; das estruturas eclesiásticas milenares; o
sentimento de ridículo nos serviços litúrgicos; a mecanização do culto; a falta
de significação na linguagem religiosa; bancos sem jovens; jovens sem vida; o
sentimento angustiante de confusão que domina aqueles que se dispõem a lutar
nas fileiras militantes da igreja; o desacordo entre mentalidades sem respeito
mútuo; o sacrifício de valores autênticos; a alienação dos que não podem estar
satisfeitos, mas que se agarram ai navio que naufraga em águas revoltas. É o
ponto de interrogação dilacerando nossas mentes tão terrível quanto o ferro em
brasa marcando os animais da fazenda, levando muitos ateus a se alienarem nos
templos e lançando cristãos autênticos fora da igreja.
O problema do nosso Jonas não foi outro, senão crer e ser
fiel a um Deus bom demais para a nossa verdade e nossa realidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário