Nem sempre é o que parece

Parábola dos dois filhos, autor não identificado
Qual deles fez o que o pai queria? — perguntou Jesus. E eles responderam: O filho mais velho. Então Jesus disse a eles: Eu afirmo a vocês que isto é verdade: os cobradores de impostos e as prostitutas estão entrando no Reino de Deus antes de vocês. Mateus 21.31 

A diferença entre o verdadeiro e o falso profeta não está na sua índole e nem no conteúdo da sua mensagem. Nem todos eles, no início dos seus ministérios, deturparam intencionalmente a palavra de Deus. Como os profetas de fato, tiveram começos promissores e foram igualmente chamados por Deus, disso não tenho a menor dúvida. Portanto, de nada adianta examinar o currículo de um profeta para, a partir deles, avaliá-lo como falso ou verdadeiro profeta. Os elementos que formam a base doutrinária, a visão de Reino e a participação nos propósitos de Deus de um profeta são fatores que possuem linhas muito finas dividindo-os das ações negativas e adversas ao seu chamado inicial.
Jesus, no capítulo treze do evangelho de João, sabia que a sua hora era chegada, vivia a agonia da pior decisão que alguém pode um dia fazer: escolher apenas uma entre duas necessidades urgentes e importantes. Jesus estava dividido entre prosseguir o seu ministério, o que se fazia extremamente necessário, pois ainda havia muitos doentes para serem curados, muitos escravizados pelo mal para serem libertos. Sob esse estresse conta uma parábola que seria o marco decisivo para orientação de todo aquele que recebe o chamado para fazer a vontade de Deus.
O que vos parece? Qual dos dois fez a vontade do pai? Seguindo o raciocínio desta meditação poderíamos perguntar também: Quem é o verdadeiro e quem é o falso profeta nesta história? O filho que diz que vai fazer e não faz, pode muito bem se confundir com o povo de Israel, que no passado firmara uma série de alianças com Deus e não cumpriu com qualquer um deles. Pode ser também o entusiasta que se arvora a seguir um chamado sem ter a plena consciência das implicações do seu chamado e nem a noção de onde deve ir para cumprir o que lhe foi designado. Pode ser a nossa igreja, quando se faz desatenta e não dá ouvidos ao alerta dado por Jesus no contundente episódio da figueira estéril, e por conta própria, está produzindo folhas em vez de frutos.
E o que dizer do filho que disse que não ia e acabou indo? Com quem ele se parece? Com o pecador que se arrepende? Com aqueles que relutam e aparentemente negam a vontade de Deus, mas que, em última estância, são cumpridores leais desta vontade, mesmo que não saibam disso? Não é uma resposta simples e nem fácil de ser dada. Ainda mais que devemos, antes de tudo, ponderar sobre o acréscimo inquietante com que Jesus encerra esta, que por si só já é, inquietante parábola: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precederão no Reino de Deus. (continua)

Leitura: Mateus 21.28-31

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