Solidão de quem é a culpa?

Jesus orando, escultura no Jardim das Oliveiras
Não é bom que o homem esteja só. Deus (Gênesis 2.18)

Texto do rev. Jonas Rezende.

A passagem acima se refere à criação da mulher e à formação mitológica do primeiro casal. Mas este texto pode ser tomado, à luz da Bíblia na sua inteireza, como indicativo da destinação social do homem, que não foi feito para a solidão: “Não é bom que o ser humano viva só.”

A solidão é, aparentemente, inescapável: o homem nasce só; vive, sofre, alegra-se e morre só. George Orwell, em seu livro 1984, chega a dizer que, quando estamos com dor de dente, é pior do que qualquer calamidade, porque é a calamidade dentro de nossa boca. Não vemos, na verdade, saída para a angústia da solidão. Até na multidão nos vemos sozinhos no meio de tantos.

Existe, como você já deve ter experimentado, a solidão desejada. Jesus passava madrugadas em conversas solitárias com o Pai. Ao escrever esta página, estou também completamente só. Mas esta solidão nada tem a ver com aquela que é fruto das perdas e lutos impostos pela vida. E se você é vítima dessa dolorosa solidão involuntária, deixo-lhe duas pistas para superá-la.

Um velho hino cristão nos exorta: “Deixe a luz do Céu entrar.” Deus continua a dizer: “Não tenha medo; estou com você.” Jesus Cristo é enfático: “Estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele.” Veja como, no plano vertical, a solidão é quebrada pelo amor divino. A palavra adeus não é negação de Deus, mas a indicação de nosso itinerário último: para Deus.

Lembre-se, no entanto, de que a solidão tem um estranho namoro com o egoísmo. O egoísta é só, porque não se abre aos outros, não estabelece pontes para a escuta atenciosa e a palavra oportuna; para a presença necessária e a doação gerada no amor. O egoísta não tem humildade para aceitar os que desejam estar presentes em sua vida, e a mão que se estende com ternura e solidariedade. Note como a solidão, no plano horizontal, pode ser vencida pelo coração generoso e amigo.

Nehemias Gueiros termina um de seus sonetos exortando:
Dá com amor, que só o amor se mede,
o muito que se tem é o que se deu.

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