Sino: chamado a viver o amor de Deus

Colégio Bell da 1ª Igreja Metodista Unida de Denton, Tx
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. I Coríntios 13.1

Texto do rev. Luiz Carlos Ramos†

Na Bíblia, os instrumentos de percussão servem para louvar a JaWeH, entre eles os sinos e os címbalos feitos de bronze. A partir do belíssimo texto do apóstolo Paulo, em I Coríntios 13, o sino de bronze passou a ser associado ao Amor. Na verdade uma simbologia por oposição. O amor não é vazio, nem simplesmente ruidoso, como os sinos. De modo que, sempre que se ouvissem sinos tocando ou dobrando, o cristão deveria lembrar-se de que seu primeiro compromisso é com o Amor.

Nas igrejas e nos vilarejos, sempre havia um sino como “instrumento de comunicação”. O toque dos sinos servia para convidar para uma reunião, ou para anunciar o falecimento de algum adulto ou infante, para avisar de um incêndio, para pedir socorro e alertar em situações de catástrofes naturais…

Mais especificamente, nas torres das igrejas, os sinos serviam para marcar as horas de oração (Laudes, Horas Médias, Vésperas e Completas) e as vigílias da noite (à meia noite e 3h da madrugada, também chamadas de Matina).

Para santificar todo o dia e cumprir o mandamento de orar sem cessar, existiam […] sete ofícios litúrgicos: os dois principais, Laudes e Vésperas, ao surgir e ao cair do sol. O primeiro para recordar a ressurreição de Cristo, louvá-lo pelas suas maravilhas e para a salvação que nos deu, interceder por todos os homens que começam um novo dia; o segundo para agradecer a Deus pela sua ajuda no dia que está acabando e recordar o fim do tempo com a vinda definitiva do Reino de Deus. Entre estes dois ofícios existem as chamadas Horas Menores, porque são mais breves, conservando o nome antigo: Prima às seis horas, a Terça às nove, a Sexta às doze, a Noa às quinze; elas acompanham e permeiam toda a jornada. Antes do repouso noturno existe um último ofício: as Completas, onde se entrega a Deus, que vigia o sono dos homens, e se pede perdão pelas faltas do dia. (cf. http://www.mosteirodeclaraval.org.br/vidamonastica.php)

Mas, permitam-me terminar com uma experiência muito marcante, tocante seria melhor dizer, que tivemos, minha família e eu, com o sineiro da Igreja de Confissão Luterana da cidade de Castro, PR.
Ali ainda se guarda um costume que vem de tempos remotos. Uma hora antes do culto matutino, o sineiro, o Sr. Rubens, que se gaba de nunca ter falhado um domingo sequer em mais de 40 anos, toca o sino pra avisar os aldeões que haverá culto. Meia hora antes, toca novamente pra informar que a igreja está com as portas abertas e o pastor já está a postos. Naturalmente, na hora de começar e ao término do culto o sino é tocado outra vez. Mas há um outro momento em que o sino é tocado, e é para essa ocasião que quero chamar a atenção: durante o culto, na liturgia eucarística, quando chega o momento da Oração do Pai Nosso, o Sr. Rubens sai de fininho, vai até a torre e toca o sino durante todo o tempo que dura a oração.

Pois bem, intrigada, minha curiosa irmã, Elenise, perguntou ao Sr. Rubens, por que ele sempre toca o sino durante a Oração do Pai Nosso. Ele então respondeu: — É que pode ser, que por algum motivo, um irmão ou outro não tenha podido vir ao culto (talvez uma pessoa da família doente ou algum animal que está para dar cria, ou outro motivo), então, lá onde estiver, ao ouvir o sino, saberá que estamos em oração, e poderá parar o que estiver fazendo para orar conosco.

Essa experiência me marcou tanto, que propus algo semelhante na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, no tempo em que fui professor de liturgia e coordenador do Centro de Estudos de Liturgia e Homilética daquela instituição. O sino era tocado antes e no início dos cultos semanais, bem como durante a Oração do Pai Nosso e a Bênção Final (e acho que ainda se faz assim).

Não sei se algum aluno ou aluna, funcionário ou funcionária, que não tivesse podido ir ao culto, por estare em seu posto de trabalho, ou na biblioteca, ou nos seus aposentos, se comportou como os aldeões lá de Castro e aproveitou para orar conosco, mas a oportunidade estava dada.
Esse era o nosso jeito de dizer que, mesmo que você não possa vir à Igreja, a Igreja sempre encontrará uma maneira de ir até você, preservando o vínculo da unidade, da comunhão.

Assim, o sino pode ser entendido como símbolo de comunhão, anúncio, convocação e, principalmente, como chamado a viver o Amor de Deus.

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