Tentação de Cristo, Rubens |
Texto do rev. Jonas Rezende
Há um
momento culminante, na tentação de Jesus relatada no Evangelho, em que o mundo
lhe é oferecido, desde que ele abandone o Bem e a vida centralizada em Deus.
Mas o Cristo rejeita a insinuação, de forma enérgica e radical: “Retire-se,
Satanás, porque está escrito — Ao Senhor seu Deus você adorará, e só a ele dará
culto.”
Você
bem sabe que todos nós temos também as nossas tentações. O convite malicioso
para que mudemos de itinerário; deixemos de agir eticamente; desfiguremo-nos; vendamos, como Esaú, o direito de
primogênito por um prato de lentilhas... O deserto da tentação pode ser fértil,
como nos lembra D. Hélder Câmara, desde que sejamos alimentados por essa ânsia insubornável
de ser —, se não nos trairmos diante dos diferentes acenos sedutores. É preciso
então atravessar o deserto sem concessões imorais, acomodações deformadoras.
Jesus conseguiu. Muitos conseguem. Por que não podemos também?
Num
dos mais escuros momentos da História humana, na Alemanha nazista, um pastor
escreveu: “Os cristãos alemães terão de enfrentar a terrível alternativa de
ajudar a derrota de sua nação, a fim de que possa sobreviver a civilização cristã, ou ajudar a
vitória desta mesma nação e, consequentemente,
a destruição de nossa civilização. No que me toca, já sei
qual dos dois termos escolher.” E o pastor Dietrich Bonhoeffer escolhe a
deslealdade a seu próprio país; participa de um complô para destruir Adolf
Hitler, o que lhe vale a forca, para ser fiel a valores maiores de toda a
humanidade.
Creio que podemos perder nossa identidade num imoral jogo
de cintura. Os desleais, os malditos muitas vezes estão certos. O apóstolo Pedro e seus
companheiros mostram que entendem esta verdade quando afirmam: “Importa, antes,
obedecer a Deus que aos homens.” E Jesus Cristo é categórico:
Ai de você
quando todos disserem bem a seu respeito.
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