Mas se alguém pecar...

Meus filhinhos, escrevo isso a vocês para que não pequem. Porém, se alguém pecar, temos Jesus Cristo, que faz o que é correto; ele nos defende diante do Pai. I Jo 2.1
Nascer de novo, autor não identificado
 É interessante notar a quantidade de alternativas que nos dá a fé cristã. Por outro lado, é com profunda tristeza que vamos constatar de quantas dessas alternativas a igreja de hoje nos exclui, principalmente as que envolvem as questões mais essenciais da nossa vida: pecado e graça.

Se nos detivermos por um tempo para fazer uma breve comparação entre o ministério de Jesus e o nosso, vamos nos assustar com a grande quantidade, e com a enorme variedade de pecados que foram perdoados por ele naquela ocasião, e que hoje são sumariamente condenados por nós.

Em uma escala decrescente desses pecados, segundo as nossas regras morais, podemos relacionar descritos minuciosamente nos evangelhos os considerados por nós os mais vis e hediondos. Na realidade, naquelas páginas podemos encontrar todos os pecados que nos excluiriam definitivamente da comunhão da igreja e nos fecharia para toda a eternidade os portões do céu. A traição, adultério, ganância, ira, violência e até assassinatos de todos os que cometeram, encontraram um advogado eficiente e disponível para inocentá-los diante do Juiz dos juízes. Por que nós não?

Já paramos para nos perguntar por que somos mais realistas que o rei, ou mais religiosos do que Deus? Seria essa a experiência que nos faria levar o evangelho ao pleroma, ou seja, à perfeição?

Sei que vivemos em uma sociedade onde os crimes não podem ser simplesmente esquecidos ou relevados. Sei também que tudo o que fazemos gera consequências que extrapolam o nosso controle, daí essa meditação servir para confrontar a realidade da nossa igreja, e o quanto essa igreja pode influenciar as decisões que são tomadas fora dela. Mas ainda que pensemos assim, questões como aborto, maioridade penal, terceirização e homossexualismo têm que ser resolvidas visando a situação atual, e não apenas teorizadas segundo conceitos bíblicos que não encontram respaldo em nosso contexto.

Seria, então, a Bíblia desatualizada para tratar dos assuntos que extrapolam a igreja? Claro que não! Mas também não podemos tomar um juízo próprio da Idade do Bronze e aplicá-lo ao pé da letra.

É por todas essas coisas que Jesus quando confrontado com o rigor da lei, que mesmo no seu tempo já dava sinais de descontextualização, tinha sempre uma palavra que faziam com que os instrumentos do poder se adaptassem à sua realidade: eu, porém, vos digo.

Isso não é mais do que uma segunda chance, uma maneira de voltar ao ponto de partida e começar de novo. Uma maneira de se sentir integrado e aceito novamente. Eu, porém, vos digo é palavra daquele que nos defende diante de uma consciência maior do que a nossa, e nos coloca de volta no jogo. Um jogo do qual saímos frequentemente, ora pelas circunstâncias externas, ora pela nossa própria incapacidade de permanecer firmes nele.

O profeta Isaías, em um texto já analisado nesse blog, dá dois depoimentos sobre o caráter de Deus, que precisam sempre ser lembrados por nós, porque são eles que baseiam todo o ministério de Jesus, assim como as reflexões que os escritores sacros fizeram sobre esse ministério: Is 42.3 - Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito.

Promulgará o direito de quem não tem direito. Fará justiça a quem não merece justiça. Perdoará a quem não merece ser perdoado, isto é, eu e você. Que esta seja a maneira de começar uma nova semana depois de uma nova Páscoa: a certeza de que temos sempre uma nova chance. Isso sim é que é nascer de novo.

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