Paulo e Timóteo, autor não identificado |
A exortação, do grego paraklesis,
aparece apenas três vezes nas listas de carismas. Era, contudo, uma das funções
essenciais dos Apóstolos, dos profetas e dos presbíteros, e tem suas raízes na
vida religiosa do Primeiro Testamento, do judaísmo, e se prolonga na Igreja atual.
Primeiro Testamento
As testemunhas de Deus jamais se contentaram com expor
friamente o desígnio divino da salvação: os discursos sacerdotais, tais como os
de Dt 4 a 11, os discursos proféticos, como Is 1.16 e os discursos sapienciais,
como os de Pv 1 a 9, se dirigem ao coração tanto quanto ao espírito dos
ouvintes. Eles os convidam, os encorajam e os estimulam da parte de Deus a escutarem,
a se converterem e a se voltarem para Deus. Nos tempos antigos, na época dos
Macabeus mais precisamente, a exortação tem a mesma tendência e o mesmo apelo,
pois não se prega sem exortar a uma fidelidade corajosa para com Javé e para
com a sua Lei, ainda que sofrendo notadamente de severas perseguições, quando
na hora da guerra santa tudo parece perdido e sem um retorno minimamente
aceitável.
Segundo Testamento
No limiar do Segundo Testamento, João Batista continua firme
nessa tradição, e com muitas exortações anunciava ele ao povo a boa-nova: Lc
3.18: Assim, pois, com muitas outras
exortações anunciava o evangelho ao povo.
Jesus, por sua vez, não se contenta apenas em proclamar a
mensagem do Reino que veio na sua pessoa e em revelar os seus mistérios. Ele
chama os homens a nele entrarem, convidando-os instantemente a se arrependerem,
a crerem no Evangelho, a seguirem-no e a guardarem a sua palavra. Assim também
os Apóstolos conjuraram e exortaram as multidões a acolherem a sua mensagem e
a se fazerem batizar: At 2.40 - Com
muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta
geração perversa.
Nas comunidades, o profeta edifica, exorta e consola: I Co
14.3, como o devem fazer também Timóteo e Tito, discípulos de Paulo: II Tm 4.2 -
Prega a palavra, insta, quer seja
oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e
doutrina. Isso não é mais do que um prolongamento de um dos atos essenciais
do ministério apostólico, sobre o qual Paulo se explica claramente: É, diz ele, como se Deus exortasse através
de nós.
Os escritos do Segundo Testamento encerram assim numerosas
exortações; essa é a finalidade essencial da epístola aos Hebreus: He 13.22 - Rogo-vos ainda, irmãos, que suporteis a
presente palavra de exortação; tanto mais quanto vos escrevi resumidamente;
da primeira epístola de Pedro: I P 5.12:
- Por meio de Silvano, que para vós outros é fiel irmão, como também o
considero, vos escrevo resumidamente, exortando e testificando, de novo, que
esta é a genuína graça de Deus; nela estai firmes. Os simples cristãos devem
exortar-se mutuamente visando sempre, a edificação da igreja: II Co 13.11 - Quanto ao mais, irmãos, adeus!
Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de
amor e de paz estará convosco.
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