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Ressurreição do filho da viúva de Naim, Tissot |
Eu na multidão
Texto do rev. Paulo Schütz.
Quando criança, meu sonho era ser uma pessoa comum. Todo mundo queria ser diferente. Eu queria ser igual, talvez só para ser diferente. Aos poucos, fui descobrindo que não era fácil ser uma pessoa comum. As pessoas comuns estavam entregues a si mesmas. Para sobreviver, precisavam enfrentar uma batalha todos os dias. O importante é que elas sobreviviam todos os dias, por semanas, meses, anos. Então, todos os dias elas venciam uma batalha, por si mesmas. Eram verdadeiramente vitoriosas, verdadeiros heróis. Concluí que ser uma celebridade era fácil, o difícil era ser uma pessoa comum.
Quando criança, meu sonho era ser uma pessoa comum. Todo mundo queria ser diferente. Eu queria ser igual, talvez só para ser diferente. Aos poucos, fui descobrindo que não era fácil ser uma pessoa comum. As pessoas comuns estavam entregues a si mesmas. Para sobreviver, precisavam enfrentar uma batalha todos os dias. O importante é que elas sobreviviam todos os dias, por semanas, meses, anos. Então, todos os dias elas venciam uma batalha, por si mesmas. Eram verdadeiramente vitoriosas, verdadeiros heróis. Concluí que ser uma celebridade era fácil, o difícil era ser uma pessoa comum.
Também fui percebendo que as pessoas
comuns eram diferentes, cada uma do seu jeito, frutos das distintas respostas
que davam aos desafios do dia a dia, enquanto as celebridades estampavam sempre
o mesmo sorriso, usavam roupas e sapatos das mesmas marcas, mesmo estilo de
carro e assim por diante, seguiam sempre o mesmo padrão. Meus colegas que
sonhavam em ser celebridades abdicavam da liberdade criativa com a qual Deus
lhes agraciara, para prender-se a um modelo prefabricado.
Na verdade, as pessoas só se tornam
iguais no meio de uma multidão. De longe, é impossível identificar quem está
com um chapéu Prada ou de palha, se calça salto alto ou chinelo de dedo, nem se
percebe se está mal cheiroso ou perfumado. Até as celebridades, quando descem
do palco, são confundidas com as pessoas comuns.
Falamos de multidão quando um grande
número de pessoas ocupa um determinado espaço, fisicamente bastante próximas
umas das outras, durante algum tempo. Em alguns casos, ela assume uma
personalidade própria que passa a definir suas atitudes, como se as
personalidades dos indivíduos que a compõem se fundissem em uma só. É o caso
dos protestos, passeatas, caminhadas, romarias que atuam com mais ou menos
intensidade de tempos em tempos. Há quem despreze tais manifestações, por
diferentes razões. Há os que lhe dão grande valor, alguns até exagerados, como
atores políticos ou testemunhos de fé.
Jesus também esteve constantemente
interagindo com a multidão, de tal maneira que podemos afirmar que ela foi
personagem importante dos evangelhos, à semelhança de Pedro, Maria, José e
outros indivíduos. Como estes, ela podia segui-lo por interesse, podia
aclamá-lo como profeta, ou mesmo ofendê-lo. Hoje também, por um lado, ela pode
protagonizar fatos históricos extremamente positivos, mas, por outro, assumir
um comportamento bastante destrutivo. Como não possui RG nem endereço fixo, nem
estatuto nem contrato social, nem mesmo responsável legal, as pessoas e
instituições têm grande dificuldade para interagir com ela. Como resultado, não
são poucas as personalidades que costumam se apresentar para receber os louros de
suas conquistas positivas, e as forças de repressão ficam desorientadas, o que
as induz a apelar para atos truculentos.
Nas próximas postagens desta série,
vamos verificar se os diferentes comportamentos da multidão na bíblia podem nos
ajudar a entender o que acontece nos dias de hoje.
Referências bíblicas:
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