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Templo Universal de Salomão |
Em tempos de verdadeiro burburinho sobre o Templo de Salomão
recém-inaugurado pela Igreja Universal do Reino de Deus, vou me atrever a fazer
algumas considerações. Antes de tudo, preciso dizer que não dirijo qualquer
palavra de crítica aos membros dessa igreja, que Jesus há muito a fez sua,
principalmente porque não fui designado e nem estou apto a avaliar a
sinceridade da fé deles, pelo simples fato de ser um tanto o quanto diferente
da minha.
Sabemos bem que não existe um membro qualquer que gostaria
de ver a sua bonita, bem arrumada e ocupando um lugar de destaque na comunidade
onde está inserida. Um marketing bastante usado pelos antigos, que foi
esquecido pelas igrejas tradicionais, e que só foi resgatado pelas igrejas
neopentecostais era a construção de templos apenas nas vias principais. O que o
tornava mais visível e facilitava o seu acesso.
Por outro lado não me lembro de ver semelhante movimentação
quando a Igreja Católica construiu a Basílica de Aparecida do Norte, cujo
projeto era receber igual ou maior número de pessoas do que a população daquela
cidade. Então não é o tamanho que importa e sim a origem dos recursos? Também
não existe muita diferença aí, pois são pouquíssimas as igrejas, seja de que denominação
for, que se importam em controlar o percentual da arrecadação que é investido nela
mesma. Se formos estabelecer uma relação proporcional veremos que há igrejas
que comprometem bem mais do seu orçamento em aquisição de instrumentos e
contratação de artistas.
É bem possível alguém recorrer à interpretação, ainda que
equivocada, das palavras de Tiago, que em sua carta disse: Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé
sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. Se o tamanho do
templo diz alguma coisa, a fé deles é maior do que a nossa.
Porém, não posso deixar de analisar como foi consagrado e para
que finalidade prestou-se, até então, o afamado Templo de Salomão. Quero
lembrar que foi justamente esta a questão de Jesus contra o Templo de Jerusalém.
Em tese, não foi questionada por ele a sua suntuosidade, mesmo que este templo
fosse classificado por muitos como a maior obra do homem, superando, inclusive,
todas as sete maravilhas do mundo antigo. Não foi por ele diretamente questionada
também a sua centralização, embora a sua pregação seguisse fielmente a linha
estabelecida pelos profetas, que relativizaram a importância da religião do Templo
em detrimento da religião do coração.
Jesus bateu, e não foi pouco, na associação estreita que os
dirigentes do Templo estabeleceram a liderança política daquela nação. Ele foi
explícito demais quando afirmou: Está
escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais
em covil de salteadores.
Não se pode dizer, da mesma forma, que Jesus superestimava o
valor daquela construção. Sabia ele muito bem que aquela não era a morada de
seu Pai, e que, segundo declarou as seus discípulos, o Templo em si não era
muito mais do que pedra sobre pedra. O que para ele ressaltava na sua atenção
pelo templo era a preocupação que tinha com as multidões que para lá afluíam.
Aqueles que sabiam o local certo, mas que estavam perdidos no propósito da sua
jornada: Vendo ele as multidões,
compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm
pastor.
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