Paulo perante Agripa por Nikolai K. Bodarevsky |
Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões. At 26,14b
Embora este seja um ditado de Eurípedes, um poeta grego que
viveu no século V antes de Cristo, estas palavras ficaram imortalizadas por
Paulo, na conversa que teve com Festo e com rei Agripa. Curiosamente Paulo não
as usa como uma mera citação, mas as coloca na boca de Deus, na ocasião da sua
experiência de conversão, no caminho de Damasco. Logicamente que Paulo não
ouviu de Deus estas palavras, mas foi a melhor maneira que encontrou para comunicar
às pessoas profundamente influenciadas pelo pensamento helenista, a inutilidade
da relutância contra os desígnios de Deus. E é este o assunto da nossa
meditação de hoje.
Este blog, não deve se ser novidade para ninguém, vem
sofrendo sucessivas quedas no número de acessos, isto sem contar na total falta
de comentários, o que acontece desde o seu lançamento. Definitivamente o
público deste blog não é dado a comentar ou expor a sua opinião. Não estou
fazendo qualquer tipo de reivindicação ou lamento por esta situação. Apenas
gostaria de usar estes dados para reforçar a ideia da inutilidade da relutância
contra os desígnios de Deus.
Antes de tudo preciso dizer duas coisas: Primeiro que não
discípulo de Gamaliel. Não prego que se a obra é de Deus vai permanecer sob
qualquer circunstância. Obras grandiosas de Deus, como as sete igrejas da Ásia
Menor citadas no Apocalipse, desapareceram. E em segundo lugar, em um
paralelismo direto com a citação anterior, não concebo que seja uma punição
declarada e direta ao meu ministério. Deus tem infinitas maneiras de me mostrar
meus erros. Mas prevalece o fato de que, se não tenho falhado na tentativa de
expor a mensagem cristã, a ordenança de fazer discípulos tem deixado muito a
desejar.
Não é a primeira vez, e acredito que não será a última, que
experimento esta sensação de derrota em meus empreendimentos. Na vida secular
vi naufragar negócios que não tinham por onde dar errado, e, na melhor
interpretação da lei de Murph, apareceu, como que do nada, algo que fez com que
desse errado. Também não quero dizer que voltaria atrás arrependido, porque
analisando as situações em que eu poderia estar, caso o desfecho fosse outro,
vejo que faria tudo novamente da mesma maneira.
A essa altura vocês já devem ter notado que a reflexão que
inicialmente chamei de nossa, não passa de um balanço do blog, do meu
ministério e da minha própria vida. Desde já peço perdão por tomar o tempo de
vocês que acessaram esta página com o intuito de encontrar uma mensagem
minimamente proveitosa neste domingo. Contudo, espero que leiam com compaixão
este grito de socorro, porque, após ter postado quase duzentas mensagens ao
longo desses últimos cento e setenta dias, me sinto completamente perdido
quanto aos rumos que devo dar ao blog. Falo desta forma porque a sensação de
que estas mensagens tem expressado mais a minha necessidade de pregar do que
propriamente a necessidade de vocês de as lerem é cada vez mais latente.
Embora, como todo mortal, gostaria imensamente de ver meu
trabalho reconhecido, não são os números que me motivaram ou desanimaram até
agora. Deus sabe disso. Mas isso não ameniza a minha necessidade de socorro.
Que ela venha de onde vier, que ela seja percebida na sua justa medida, e que
ela seja de benefício para o evangelho, mesmo que isso me custe ficar calado.
Algumas vezes me recomendaram expressamente não falar sobre isso, mas eu não
consigo, assim como também não consigo deixar de recalcitra-me contra os
aguilhões. Numa tradução contextualizada, não consigo deixar de dar murros em
ponta de faca.
Coisa dura para mim é
recalcitrar-me contra os aguilhões. Estou encerrando, ou pelo menos
interrompendo, esta reflexão pessoal para ir a igreja, o que faço quase todos
os domingos. Talvez, nas entrelinhas de uma leitura ou oração, ou, quem sabe,
na letra de um hino eu encontre uma resposta para esse dilema. Meu único e
sincero pedido a vocês que ainda insistem em ler o que penso e escrevo,
principalmente àqueles que ainda acreditam na oração, é que orem por mim no
transcurso desses dias. Para que Deus novamente acenda em mim, não somente a
necessidade de pregar a sua Palavra, como também que ela não volte para ele
vazia. Mas antes prospere naquilo para o qual ela foi designada.
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