Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia. Salmo 103
Davi vive neste salmo mais um momento de mergulho dentro de si mesmo. Faz esse balanço necessário de vida comum às pessoas sensíveis e conscientes. É como se falasse diante de um espelho que não captasse apenas traços exteriores, mas vasculhasse também as suas memórias mais profundas. O rei se dirige a si mesmo, movido pelo reconhecimento e gratidão: Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome.
O salmo mantém o tom intimista e, ao mesmo tempo, de público testemunho. É uma avaliação pessoal que bem pode se transformar, como se transformou, em um hino comunitário. Como se o rei falasse em nome de todo o seu povo. Como se um único homem interpretasse o sentimento de todos os seres humanos.
Para mim, o ponto mais sensível do salmo encontra-se no texto que abre esta página.
O rei nos mostra que Deus não faz as coisas ela metade nem para no meio do caminho. Ele perdoa as nossas iniquidades e cura as nossas enfermidades. Todas. Veja só com a hierarquia é perfeita. Primeiro, o perdão. Depois, a cura. O salmo responde até mesmo à moderna concepção de doenças que são a somatização dos nossos problemas psicológicos, porque são frutos de um monstruoso sentimento de culpa.
Fica, como você percebe, um problema: e as enfermidades tidas como incuráveis? Segundo alguns teólogos, todos os males desaparecerão do corpo de quem ressurge para uma vida perfeita. E aqui penetramos no universo da esperança.
Conta-se que um grupo de cristãos, oprimidos e discriminados, cantava mais com o coração do que com os lábios, nos seus rápidos encontros clandestinos, este salmo que nasceu deles, do seu sofrimento:
A alma e o corpo feridos
me aproximo do Senhor
que houve meus tristes gemidos
e sara toda essa dor...
A plena libertação de Deus é para todos. Experimente.
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