Negando a fé "de leve"

A morte de Ananias, Rafael
A palavra apostasia significa renegar a fé, mas recebeu significados diferentes de acordo com a época. Não havia ateus no Primeiro Testamento, por isso apostatar não era simplesmente renegar o seu deus, era seguir outro deus que não o seu. No contexto da Bíblia apostasia estava sempre relacionada à quebra da aliança. Aliança entre Deus e seu povo. Então, apostasia não era somente renegar Deus, mas também atentar contra o que estava contido nas prescrições da aliança. Mas na fé cristã a quebra da aliança torna-se complexa e muito mais sutil. Embora o cristão possa deliberadamente, e de várias maneiras apostatar, infringindo qualquer dos fundamentos do evangelho é muito mais difícil se detectar tal atitude. Não é uma palavra pronunciada ou uma intenção levada a cabo que joga de imediato uma pessoa nas trevas da apostasia. Talvez seja por isso que a apostasia se tornasse um dos sinais mais alarmantes da literatura escatológica. Estamos de fato vivendo o fim dos tempos, mas o fim dos tempos da fé madura e propositiva. O que vemos hoje não são simplesmente apostasias no sentido original da palavra. Não se trata de abandonar uma religião e transferir-se para outra, ou mesmo trocar de denominação. São as tentativas sórdidas de negar o caráter de verdade e de justiça de Deus, de querer fazer dele um ídolo cego, surdo, mudo e, principalmente venal, cuja vontade pode ser escondida debaixo de doutrinas e regimentos, e cujo imperativo da obediência pode ser negociado nos espetáculos circenses que chamamos de culto.

Leituras: Ex 16.3; Ex 32.1-7; I Rs 12.26-33; Jo 20.19; At 5.1-10

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